Título: Asamar abre negócio de centro de dados
Autor: Jorge , Danilo
Fonte: Valor Econômico, 14/08/2008, Empresas, p. B3

Os executivos do grupo Asamar Paulo Soares, Paulo Moraes e Alex Lara (da esquerda para a direita): estrutura vai comportar cerca de três mil computadores O grupo Asamar, com negócios diversificados que vão da exploração de petróleo a produtos florestais, prepara a sua estréia em uma nova área em franca expansão: a de tecnologia da informação (TI). Constituída há 76 anos, a holding sediada em Minas Gerais vai investir US$ 50 milhões na construção de um centro de dados com a finalidade de atender a crescente demanda de terceiros por serviços de TI, por meio de um parque de servidores remotos.

"Em todos os negócios prospectados, percebemos lá na frente a presença ascendente da tecnologia", diz Paulo Ernesto Jost de Moraes, acionista e membro do conselho de administração da companhia, justificando a decisão de investimento tomada pelo grupo, que neste ano deve faturar quase R$ 8 bilhões.

O empreendimento, que deve ser inaugurado em abril do próximo ano, vai ocupar uma área total de sete mil metros quadrados e está dimensionado para comportar cerca de três mil servidores. O plano é oferecer uma gama variada de serviços, como a hospedagem de aplicações (hosting e colocation), serviços de backup, armazenamento de informações, vendas de softwares e gestão de bancos de dados, de sistemas operacionais e de aplicativos.

O centro de dados vai ter 2,7 mil metros quadrados, sendo a maior parte (mil metros quadrados) dedicada à área de hospedagem de servidores.

Está prevista também a instalação de uma estação dotada de infra-estrutura para ser usada pelos clientes em casos de contingências derivadas de acidentes em suas próprias unidades de processamento de dados, garantindo, assim, a continuidade das operações.

Essa área está projetada inicialmente para comportar 60 posições de atendimento. O novo centro contará ainda com estrutura de apoio, com salas de reuniões e auditórios, para a realização de palestras e cursos.

Antes de entrar em operação, o novo centro de dados do grupo Asamar vai passar por um processo de certificação internacional. A idéia é colocar o complexo em funcionamento já num padrão elevado e mundialmente reconhecido de segurança e confiabilidade, adotando, para isso, todas as exigências estabelecidas pela categoria 3 (Tier 3) das normas da consultoria Uptime Institute, sediada no Novo México, nos Estados Unidos.

Para atender os requisitos da norma internacional, o centro deverá assegurar um índice de disponibilidade mínima de 99,98%. "No Brasil, somente o Bradesco conta com um CPD classificado no nível quatro", comenta Paulo César Souto Soares, acionista do grupo Asamar. Entre outras exigências, está a existência de suprimento ininterrupto de energia e sistemas redundantes de tráfego para entrega de informações e dados, sendo um ativo e outro passivo.

"Todo nosso plano de investimento tomou como referência os maiores data centers do mundo", comenta Alex Lara, diretor de vendas da nova unidade de negócios do Asamar.

Por conta dessas exigências, o grupo ainda não definiu a localização do centro de dados, embora já se saiba que o complexo será instalado em alguma cidade da região metropolitana de Belo Horizonte.

"Já temos mapeados vários terrenos, dos quais alguns com opção de compra", diz Moraes. Segundo Lara, pelo menos quatro áreas demonstram condições adequadas para a instalação do complexo tecnológico, sobretudo em relação à infra-estrutura existente de suprimento de energia e de telecomunicações.

Do total de investimentos previstos, US$ 20 milhões serão destinados à aquisição de equipamentos e tecnologia. Mas não haverá um fornecedor predominante. "Vamos montar um data center multimarcas, aproveitando as melhores opções de cada fabricante", afirma Soares.

A estimativa é de que a nova companhia da holding, cujo nome está em processo de definição, propicie receita anual da ordem de R$ 60 milhões, a partir do quarto ano de operação. Estão no alvo empresas que possam gerar uma conta mensal mínima de R$ 10 mil. O foco principal nessa fase inicial será a terceirização e a hospedagem de servidores, bem como o desenvolvimento de aplicativos customizados, segundo Soares.

Fundado em 1932 para atuar em obras públicas, o grupo Asamar tem atualmente quatro divisões de negócios - produtos florestais, construção em aço, energia e combustíveis e construção e incorporação imobiliária. Neste ano, prevê faturamento de R$ 7,8 bilhões e lucro de R$ 100 milhões. Uma de suas principais operações é a Alesat Combustíveis, que conta com uma rede de 1,1 mil postos em todo o país.