Título: Iraque recupera sua produção de petróleo
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Fonte: Valor Econômico, 04/08/2008, Internacional, p. A9

A produção de petróleo iraquiana chegou a seu mais alto patamar desde a invasão do país em 2003, graças sobretudo a um o aumento geral da segurança, segundo o governo americano. O país produziu uma média de 2,43 milhões de barris por dia (b/d) no segundo trimestre, de acordo com o relatório da Inspetoria Geral para a Reconstrução do Iraque, divulgado semana passada.

O relatório disse que a combinação de produção recorde e de altos preços no mercado internacional devem aumentar a receita do governo iraquiano com o petróleo, que antes estava estimada em US$ 35 bilhões neste ano.

"Com o petróleo por volta de US$ 125 o barril - cerca de cinco vezes mais do que cinco anos atrás - e a produção em patamares recorde, estimamos que a receita com o petróleo em 2008 pode chegar a US$ 70 bilhões", disse Stuart Bowen, o inspetor-geral, em seu relatório trimestral para o Congresso americano.

Antes da invasão, em 2003, a maior produção anual em duas décadas foi a de 2000 (2,57 milhões de b/d, ou 3,3% da produção mundial). Esse volume caiu para 1,32 milhão de b/d em 2003 (1,65% da produção mundial).

Bowen atribuiu a recuperação da produção ao declínio da violência no Iraque e à zona de exclusão criada em torno do oleoduto que passa pela cidade de Kirkuk - um alvo preferencial para os sabotadores. Desde que o projeto de segurança de US$ 34 milhões foi criado, patrulhando o oleoduto, nenhum ataque foi feito. O Iraque está estudando agora estender a zona de exclusão.

As empresas estrangeiras que foram convidadas pelo governo iraquiano a operar no país têm estimativas otimistas de produção. "Teremos uma produção de 6 milhões de b/d no Iraque, mas não sei quando", prevê Christophe de Margerie, conselheiro da petrolífera francesa Total. Além de Total, Shell, Chevron, Exxon e BP devem explorar as jazidas iraquianas.

Antes da guerra, autoridades do governo Bush argumentaram que as receitas de petróleo do Iraque poderiam pagar pela reconstrução do país. Mas os EUA vêm pagando a maior parte da conta, enquanto a situação de segurança frágil impedia o Iraque de aumentar sua produção ao menos para os patamares pré-guerra.

Julho foi o mês de menor número de militares americanos mortos desde o início da guerra: 11. No total, 4.128 soldados morreram no Iraque desde que os EUA invadiram o país em março de 2003, segundo o Pentágono, incluindo em seu cálculo três funcionários mortos por motivos "não hostis".

Há mais de 140 mil soldados americanos no Iraque hoje.

As mortes de iraquianos - civis e forças de segurança - também caíram em relação a 2006 e 2007, anos em que os níveis de violência foram muito altos. O Pentágono espera que a diminuição da violência permita a retirada de mais soldados do país ainda neste ano.