Título: Alta nos preços dos alimentos preocupa
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Fonte: Valor Econômico, 14/04/2008, Especial, p. A16

O preço dos alimentos voltou a ser o centro das atenções, ontem, no encerramento das reuniões de primavera (hemisfério norte) do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, em Washington.

Os governos devem agir de forma urgente para evitar que a crise alimentar deixe ainda mais na pobreza 100 milhões de pessoas, afirmou o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick.

Em entrevista ao final do encontro, Zoellick afirmou que os ministros de Finanças reunidos no Comitê de Desenvolvimento do Bird e do FMI apoiaram uma iniciativa de "New Deal" ("novo acordo") para enfrentar os altos preços dos alimentos no mundo, proposta por ele mesmo.

A idéia contou com o apoio do Brasil, um dos principais fornecedores agrícolas do planeta. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, manifestou seu apoio à proposta na manhã de domingo, antes de deixar Washington rumo a Nova York.

Apesar do apoio à proposta, o Brasil se recusa a aceitar o diagnóstico de organismos internacionais que apontam a produção de biocombustíveis como co-responsável pela elevação dos preços dos alimentos. Na semana passada, Zoellick afirmou que a crescente produção de biocombustíveis nos Estados Unidos e na Europa era um "fator importante" no aumento de preço dos alimentos.

Uma inflação crescente, especialmente nos alimentos, pode ter conseqüências "terríveis" para o mundo, afirmou o diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Khan. Segundo ele, diante do cenário atual, torna-se necessário adotar medidas para conter a alta dos preços dos preços dos alimentos.

O Comitê Monetário e Financeiro Internacional do FMI, que reúne os ministros da Fazenda dos membros da instituição, afirmou no sábado que "especialmente os países menos desenvolvidos enfrentam um grande aumento nos preços dos alimentos e da energia, que tem um impacto particularmente forte nos segmentos mais pobres da população".