Título: Edison Lobão é confirmado e descarta racionamento
Autor: Lyra , Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 17/01/2008, Política, p. A8

senador Edison Lobão (PMDB-MA) foi oficialmente convidado ontem, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para comandar o Ministério de Minas e Energia. A reunião de Lobão com o presidente chegou a ser adiada para hoje, mas, aconselhado pelo ministro da articulação política, José Múcio Monteiro, e pressionado pela cúpula do PMDB, Lula recebeu o futuro ministro no início da noite de ontem. A posse foi marcada para segunda-feira.

Indicado pelo senador José Sarney (PMDB-AP), Lobão rebateu as críticas de que não tem conhecimento da área e afastou o risco de um racionamento. "As autoridades do setor elétrico tomaram todas as providências para que o apagão não ocorra. Mas temos de ser otimistas com responsabilidade", afirmou o senador, que tomará posse num momento em que a escassez de energia volta a assombrar o país.

Depois da conversa com Lula, Lobão lembrou que o Ministério de Minas e Energia já teve 11 titulares políticos e que, como administrador que é, terá totais condições de montar uma boa equipe. "O presidente Lula me deu total liberdade para nomear os demais cargos", assegurou o futuro ministro. Quanto ao destino do ministro interino Nelson Hubner, que vem ocupando o cargo nessa condição há oito meses, Lobão deu a entender que ele deixará o ministério. "Ainda não conversei sobre isso, mas o próprio Hubner tem dito que gostaria de partir para outros desafios."

No encontro de ontem não foram discutidos os outros cargos do setor elétrico pretendidos pelo PMDB, como a diretoria internacional da Petrobras e as presidências da Eletronorte e da Eletrosul. "O PMDB será ouvido em todas as nomeações", assegurou Lobão, que procurou ser diplomático, não comprando briga com a chefe da Casa Civil, ministra Dilma Rousseff, que ocupou a Pasta no primeiro mandato de Lula e a mantém sob sua influência. "Ela jamais fez qualquer referência contra mim, me disse que tinha muito apreço pela minha pessoa", assegurou Lobão, que, tão logo foi confirmado para o cargo, foi à Casa Civil conversar com Dilma.

Antes da indicação, assessores do PMDB acreditavam que a negociação dos demais cargos do setor elétrico seria fruto de costura conjunta entre Lobão e Dilma. "Da mesma forma, quando Reinhold Stephanes assumiu o Ministério da Agricultura e o Planalto deixou claro que não queria mudanças na Embrapa - e elas não ocorreram -, o Planalto deve dizer a Lobão que cargos do setor estão blindados", disse um assessor pemedebista.

Sobre a polêmica em torno de seu filho e suplente Edison Lobão Filho, o futuro ministro de Minas e Energia disse que ele poderá assumir o cargo e licenciar-se em seguida, se isso for conveniente. "Ele é inocente, todas as acusações que pesam contra ele não têm relação com cargos públicos", disse Lobão.

A reunião para confirmar a nomeação deixou claro mais uma vez que a indicação, apesar de ter o apoio unânime da bancada, não foi bem digerida pelo governo. Lula recebeu a cúpula pemedebista na semana passada, mas adiou a conversa com Lobão por uma semana. No fim da tarde, alegando cansaço, o presidente quis adiar o encontro para hoje. Durante esse intervalo, surgiram denúncias contra o filho do senador.

O ministro José Múcio Monteiro resolveu conversar com o presidente, ponderando que seria melhor que Lula se encontrasse ontem mesmo com Lobão. "Tá bom, eu vou ver isso", teria dito Lula, por volta das 17h. Como nada foi resolvido, Múcio deixou o Planalto para cumprir uma agenda externa. Pouco depois, Lula, segundo informações de pemedebistas, teria recebido uma ligação do padrinho político de Lobão, o senador José Sarney (PMDB-AP), cobrando que a conversa acontecesse ontem. O presidente resolveu chamar Lobão novamente ao Planalto.

Segundo um assessor do partido, a não-indicação de Lobão teria conseqüências muito graves para a aliança com o PMDB. "Lobão tem o apoio do grupo que sustenta o governo no Senado. Ele fora do ministério seria muito mais perigoso do que ele confirmado como ministro", explicou um assessor.