Título: Analistas já acham difícil repetir 2007
Autor: Carvalho, Maria Christina
Fonte: Valor Econômico, 07/02/2008, Finanças, p. C8

Os bancos divulgam uma nova leva de balanços de 2007 a partir da próxima semana. A expectativa dos analistas é que a safra de bons resultados, inaugurada pelo Bradesco antes do Carnaval, continue, favorecida pela expansão do crédito e pela boa qualidade dos ativos registradas no ano passado.

A corretora do Banco Fator prevê para o Itaú um aumento de 43,5% do lucro líquido no quarto trimestre para R$ 1,837 bilhão sobre igual período de 2006, sem incluir o ganho não corrente obtido com a venda das participações na Bovespa e na BM&F. Para o Unibanco, a previsão é de aumento de 12,5% para R$ 648 milhões; e para o Banco do Brasil (BB), de 7,4% para R$ 1,340 bilhão.

Mas, os olhos dos analistas já estão voltados para 2008. Segundo especialistas da corretora do HSBC, 2007 já era um ano difícil de se repetir por ter registrado um aumento de 27,9% no crédito, cujo estoque atingiu R$ 913 bilhões ao final do ano e índice de inadimplência estável em 3,2% da carteira.

O desafio ficou maior depois das medidas anunciadas neste início do ano: aumento dos impostos sobre os lucros dos bancos e sobre o crédito, a criação de depósito compulsórios sobre as operações de leasing e redução do limite de crédito consignado a aposentados. Outro problema é a previsão de estabilidade da taxa básica de juros devido à pressão inflacionária, ressalta relatório divulgado ontem pela corretora do HSBC.

Por isso, os analistas da corretora esperam que o crédito cresça de 21% a 23% neste ano e que a qualidade dos ativos será mantida. Esperam também que a expansão do crédito neutralize a redução dos spreads e que os bancos compensem parcialmente o aumento dos impostos com receitas de serviço.

Para os analistas da Fator, a criação do compulsório sobre depósitos interfinanceiros das empresas de leasing afetará a captação de recursos das instituições e deverá ter impacto no crescimento do crédito no sistema. Além disso, a medida poderá causar alguma alta nas taxas dos empréstimos e reduzir a oferta de crédito. As instituições usavam as subsidiárias de leasing para captar recursos no mercado. Com isso, os bancos tendem a captar e a emprestar menos, o que deve elevar o custo dos empréstimos, avaliam os analistas da Fator.

Os depósitos interbancários de empresas de leasing passarão a seguir uma tabela de recolhimento compulsório a partir de 7 de março. A alíquota deve subir gradualmente de 5% até atingir 25% em janeiro de 2009. Quando estiver neste patamar, os bancos estarão recolhendo cerca de R$ 40 bilhões.