Título: Brasil tem participação em projeto de míssil
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Fonte: Valor Econômico, 17/10/2007, Especial, p. A20

Está na área bélica o maior projeto entre a África do Sul e o Brasil na esfera empresarial: o desenvolvimento de um míssil ar-ar, com transferência de tecnologia sul-africana . Do ponto de vista brasileiro, o projeto é estratégico por ser o maior na aviação militar desde o caça AMX, nos anos 80. Do lado sul-africano, o projeto permite uma injeção de recursos na Denel, a estatal de armamentos sul-africano.

O produto irá equipar em 2011 os caças suecos Gripen adquiridos pelos sul-africanos e os F-5 da Força Aérea Brasileira, de origem americana. Envolve investimento de U$ 104 milhões e contratos com as brasileiras Mektrom e Avibrás. O Brasil tinha a opção de renovar seus estoques com o Python T, de Israel, mas desistiu do negócio por não envolver transferência de tecnologia.

O projeto conjunto vive um momento delicado: o Paquistão propôs adquirir de 500 a 1.000 unidades, oferta tentadora ao se levar em conta que o preço unitário de um míssil é US$ 450 mil. A Denel está em dificuldades: recebeu 2 bilhões de rands dos cofres públicos em 2006 e de 900 milhões de rands este ano. Mas o Brasil não quer converter um projeto binacional em um empreendimento para exportação, para não perturbar a aproximação com a Índia. Em 2007, a parceria com os sul-africanos deve se reforçar: estão programados exercícios navais conjuntos. (CF)