Título: Aécio critica choque de gestão de Lula
Autor: Galvão , Arnaldo
Fonte: Valor Econômico, 02/10/2007, Brasil, p. A7

Choque de gestão não é "inchaço da máquina pública", mas redução de gastos com a estrutura do Estado para aumentar os investimentos sociais e em infra-estrutura. Com esse argumento, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB) contestou, ontem, a defesa da contratação de mais funcionários públicos, feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo Lula, o verdadeiro choque de gestão será feito quando o Estado contratar mais gente, mais qualificada e mais bem remunerada. O presidente condenou quem considera as contratações um "inchaço" da máquina.

Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o aumento de contratação de funcionários concursados tem relação direta com a qualidade do serviço público. Ele disse que o governo tem de procurar exercer suas funções com mais eficiência. Isso significa, segundo o ministro, atender melhor à população, combater mais a corrupção, ter mais policiais federais, ter mais médicos nos hospitais e acelerar as liberações de licenças ambientais.

"Antigamente, o Estado usava terceirizados. Era uma ocultação de servidores. Hoje, parte dos novos servidores substituem esses terceirizados do governo anterior. Até por obrigação legal fomos obrigados a fazê-lo. Concursados são de melhor qualidade, mais eficientes e mais adequados ao cargo", defendeu Mantega.

Outros dois argumentos para a maior contratação de servidores foram usados pelo ministro. Segundo ele, há também substituição de aposentados e muitas das vagas abertas para 2008 são, na realidade, do Judiciário. Segundo o Ministério do Planejamento, o governo federal tem aproximadamente 660 mil servidores civis na ativa e 19,8 mil cargos de confiança. No início do mandato de Lula, em 2003, eram 598,5 mil funcionários ativos e 17,6 mil cargos de confiança.

O governador mineiro reuniu-se com Mantega para tratar de assuntos fiscais do Estado. Aécio relatou que teve a promessa de solução para um problema cambial no empréstimo de R$ 1,9 bilhão que o Banco Mundial vai conceder e que já foi aprovado pela Comissão de Financiamentos Externos (Cofiex).

A preocupação de Aécio era com a possibilidade de perda de R$ 200 milhões, pela diferença cambial do momento da assinatura do convênio com o Banco Mundial. Em dezembro de 2006, a cotação do dólar estava em R$ 2,13. Mas, segundo o governador, a Fazenda interpretou que as normas contratuais permitem uma flutuação de 10% no câmbio.

Os recursos do Banco Mundial serão aplicados em saúde, rodovias, segurança e infra-estrutura. A contra-partida será a elevação dos indicadores sociais e econômicos. Segundo o governador, Minas terá, em 2008, recorde de investimentos: R$ 9 bilhões.

O governador informou também que o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) analisa parceria com o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) para financiamento de empresas em Parcerias Público-Privadas (PPP) em rodovias.