Título: Debêntures populares
Autor: Monteiro, Luciana
Fonte: Valor Econômico, 20/07/2007, EU & Investimentos, p. D1

O investidor interessado em diversificar suas aplicações tem uma nova chance de comprar debêntures da BNDESPar, empresa de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Os títulos de renda fixa de longo prazo serão vendidos também para os investidores de varejo, que poderão aplicar entre R$ 1 mil e R$ 500 mil. É a maior operação de venda de debêntures para a pessoa física realizada até agora, superando a oferta feita também pela instituição em dezembro do ano passado. O período de reserva termina na segunda-feira, dia 23.

Desta vez, haverá duas séries de debêntures: uma indexada ao índice de inflação IPCA e outra prefixada. As duas se diferenciam também pela rentabilidade, prazo de vencimento e fluxo de recebimento dos juros. Os investidores poderão aplicar em uma das duas séries ou em ambas.

No caso do título prefixado, o investidor poderá travar agora o juro que irá receber no vencimento do papel, que acontecerá em 1º de janeiro de 2011. Esse juro, no entanto, vai depender das intenções manifestadas pelos investidores institucionais - fundos de pensão, seguradoras, fundos de investimento, etc. Só para se ter uma idéia, as Letras do Tesouro Nacional (LTNs, papéis prefixados) de vencimento mais longo, em 2009, eram vendidas ontem a uma taxa de 10,75% no Tesouro Direto - sistema de negociação via internet de títulos públicos. Já a Nota do Tesouro Nacional série F (NTN-F) - também prefixada, mas que paga juro semestral - com o mesmo vencimento do papel do BNDES, pagava uma taxa de 10,80%.

Com o cenário de queda de juros, é uma excelente oportunidade para o investidor prefixar seus ganhos, diz André Schibuola, sócio da Precision Asset Management, especializada em renda fixa. "Além disso, pode começar a se familiarizar com um instrumento financeiro mais sofisticado, como as debêntures", avalia. Ele alerta ainda para o fato de os papéis do BNDES terem risco praticamente igual aos títulos federais, pois o banco é controlado pelo governo.

Já no caso da série indexada ao IPCA, o pagamento dos juros será anual, a partir de 15 de agosto de 2009, até o vencimento em 2013. Como o papel terá a correção pela inflação, a taxa de juros deverá ser diferente e menor, do que na série prefixada. As Notas do Tesouro Nacional série B (NTN-B) com vencimento em agosto de 2012, o mais próximo do prazo dos papéis do BNDES, pagavam ontem uma taxa de 6,56% no Tesouro Direto. Nas duas séries, as datas de pagamento de juros foram definidas para beneficiar o investidor de varejo com a menor alíquota de imposto de renda, de 15%.

A expectativa do mercado é de que a economia brasileira continue crescendo e a inflação pode ficar igual ou levemente superior à meta de 4,5% definida para o ano que vem, diz Rodrigo Menon, sócio do escritório de aconselhamento financeiro Beta Advisors. "Com isso, conseguir travar agora um juro real pode ser muito bom", avalia o executivo.

Para Menon, o interessado em participar da operação pode, inclusive, colocar um pouco dos recursos em cada série. "Diversificar é sempre interessante e o investidor poderá mesclar, compondo uma carteira híbrida", diz. A oferta será de 1 milhão de debêntures, num total de R$ 1 bilhão, podendo ser elevada para até 1,35 milhão de debêntures da BNDESPar (até R$ 1,35 bilhão). Desse total, 30%, ou R$ 300 milhões, vão para investidores de varejo. Caso haja excesso de demanda, o BNDES irá atender até 15 debêntures (R$ 15 mil) por investidor. Acima disso, a divisão será proporcional.

Outro atrativo está na taxa de custódia, de R$ 5,40 por semestre para guardar os papéis na Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC). É a mais baixa do mercado, uma vantagem competitiva em relação ao próprio Tesouro Direto, que tem ainda custo de corretagem. Os investidores que participaram da primeira oferta de debêntures do BNDES não terão custo adicional de custódia.

Caso o investidor deseje negociar os papéis antes da data de vencimento, poderá vender os títulos nas plataformas eletrônicas do BovespaFix ou CetipNet. Os bancos UBS Pactual, Bradesco e Banco do Brasil atuarão como formadores de mercado dos papéis, ou seja, colocarão diariamente ofertas de compra e venda.

A operação atual é a maior de debêntures com uma fatia reservada para a pessoa física do mercado brasileiro. Na primeira operação da BNDESPar, realizada no ano passado, que somou R$ 600 milhões, houve excesso de procura e o banco colocou um lote adicional para atender os investidores. Em 2004, a Suzano Bahia Sul fez uma oferta de R$ 500 milhões, mas somente R$ 333 milhões foram vendidos, dos quais R$ 67 milhões a investidores de varejo. Em 2002, a Petrobras fez a primeira emissão de debêntures com uma parte para a pessoa física. Na ocasião, foram emitidos R$ 500 milhões e 10% ficaram com o varejo.

A relação dos agentes vendedores está no site da BNDESPar ou pelo telefone 0800-770-1141.

www.bndespar.gov.br/empresas/ debentures