Título: Grupos brasileiros 'colorem' sementes em todo o mundo
Autor: Bouças, Cibelle
Fonte: Valor Econômico, 22/05/2007, Agronegócios, p. B1

O Brasil deixou de ser apenas exportador de commodities agrícolas. Recentemente tornou-se também um exportador de tecnologia para sementes. A Rigran, de Porto Alegre (RS), iniciou em 2005 o trabalho de peletização de sementes de forrageiras e hortaliças. Essas sementes têm tamanho pequeno e são irregulares, o que dificulta o tratamento para plantio. No processo de peletização, alguns pós minerais são adicionados à semente, para que ela ganhe um formato mais arredondado e regular, o que facilita a aplicação de defensivos e o plantio mecanizado.

De acordo com Nelson Azambuja, sócio da Rigran, a Rigran - especializada na produção de polímeros e corantes para tratamento de sementes - investiu recentemente US$ 1,2 milhão em uma nova unidade para ampliar a sua capacidade de processamento de sementes peletizadas. A empresa fez parceria com três empresas européias para desenvolver a tecnologia no Brasil e agora, boa parte da sua produção será voltada ao mercado externo. "No mundo, oito ou dez empresas têm tecnologia para fazer o revestimento das sementes antes da aplicação de pigmentos e dos defensivos", afirma Azambuja.

Hoje, a empresa familiar exporta 12% de sua produção para o países da Europa e da América Latina. A Rigran mantém distribuidores no Paraguai, Peru, Equador e Chile. "Na Europa existe uma procura maior por polímeros e corantes. Na América Latina todas as linhas são exportadas", diz Azambuja. No Brasil, a empresa é uma das principais produtores de polímeros e corantes para sementes. Neste ano, a expectativa da empresa é crescer acima de 10%, graças à retomada do setor de grãos. Até abril, as vendas da empresa cresceram 12,3% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo Azambuja.

A também familiar Laborsan, de Diadema (SP), também desenvolve tecnologias com vistas à exportação. Entre os produtos oferecidos pela empresa estão corantes fluorescentes (que são aplicados na lavoura com os defensivos e ajudam o produtor a identificar onde houve falhas na aplicação) e polímeros - produtos que permitem uma melhor fixação dos defensivos na semente. Milton Ribeiro de Paula, engenheiro técnico da Laborsan, diz que a empresa exporta hoje 15% de sua produção para Argentina, Paraguai e Venezuela. "O câmbio baixo tirou um pouco a competitividade das empresas brasileiras no mercado externo, mas as consultas feitas por clientes estrangeiros continua crescente."

Ribeiro observa que, desde 2003, cresceu no mercado brasileiro e no exterior a procura pelos polímeros, não apenas pela qualidade técnica, mas também pelo interesse das empresas de sementes e cooperativas em diferenciar o seu produto dos concorrentes.

Francisco Eduardo de Albuquerque, um dos sócios da empresa, diz que a demanda está aquecida tanto no Brasil quanto no exterior. Por isso, a empresa investirá na instalação de uma nova unidade em Pirapora do Bom Jesus, interior de São Paulo. O valor do investimento é mantido em sigilo.

Além da produção de polímeros para sementes, a nova unidade deverá produzir também uma linha de produtos, ainda em desenvolvimento pela empresa, para ajudar na retenção de umidade do solo. "O produto será destinado principalmente para atender aos produtores de cana-de-açúcar", afirmou Albuquerque.