Título: Acelerada, colheita de soja já abre espaço para milho safrinha no MT
Autor: Bouças, Cibelle
Fonte: Valor Econômico, 02/02/2007, Agronegócios, p. B10

O interesse dos produtores em plantar milho e algodão na safrinha - por conta da melhora nos preços internacionais dessas commodities e da conseqüente perspectiva de aumento da rentabilidade - deverá levar o Mato Grosso a registrar três recordes nesta safra 2006/07: a colheita mais rápida de soja da história, o maior índice de adoção do grão transgênico e a maior produção de milho de segunda safra (safrinha).

Segundo a Associação dos Produtores de Soja do Mato Grosso (Aprosoja), a colheita da cultura no Estado - responsável por 27% da produção nacional - alcança 7% dos 5 milhões de hectares cultivados. A área plantada é 15% menor que a do ciclo 2005/06, por conta do elevado nível de endividamento dos produtores e dos preços da soja. Hoje em alta, esses preços permaneceram pouco atraentes até setembro, quando boa parte dos produtores já havia iniciado o plantio e não se previa uma recuperação internacional tão significativa como a que está ocorrendo.

Com esta redução, a produção estadual de soja está projetada pela Conab em 14,6 milhões de toneladas, 7,9% menos que o total colhido na temporada anterior.

Estimativa da Agência Rural aponta para uma aceleração ainda maior da colheita de soja no Mato Grosso. Segundo a consultoria, 11% da área já foi colhida em uma época em que normalmente esses trabalhos são incipientes . "O excesso de chuvas na última semana reduziu a velocidade da colheita, senão ela estaria ainda mais avançada", diz Eduardo Godoi, da Agência Rural. Antes das chuvas, alguns produtores acreditavam que a colheita terminaria em fevereiro. Agora, prevê Godoi, isso deve acontecer no início de março - mas normalmente o término é em abril.

Renato Sayeg, da Tetras Corretora, observa que o "atraso" decorrente das chuvas afetou o ritmo do processamento de soja no Estado, que não está a pleno vapor por escassez de matéria-prima. E que os preços do grão, com isso, seguem firmes no mercado mato-grossense. Em Cuiabá, por exemplo, os produtores estão pedindo R$ 26,50 pela saca de 60 quilos, quando se previa R$ 25 para esta época.

O objetivo dos produtores, no entanto, é redobrar esforços e concluir a colheita o mais rapidamente possível. "Neste ano, os produtores vão adiantar o trabalho em mais de um mês. Se não fecharem tudo em fevereiro, vão colher pelo menos 90% da safra até o fim do mês", confirma Dario Hiromoto, diretor superintendente da Fundação MT.

Hiromoto observa que tamanha aceleração está diretamente ligada ao incremento da adoção de sementes transgênicas. Em torno de 30% da área foi cultivada com essas sementes, contra 25% no ciclo 2005/06 - percentual recorde.

De acordo com Ricardo Tomczyk, diretor administrativo da Aprosoja, a maioria dos produtores optou por cultivar a soja transgênica precoce (colhida 90 dias após o plantio) porque ela demanda menos aplicações de fungicidas e herbicidas e, dessa forma, o custo de produção cai. "E, além de ter custo de produção mais baixo, a soja precoce também permite que o produtor colha mais cedo e aproveite o período de chuvas para plantar a safrinha do milho".

Conforme levantamento da Aprosoja, praticamente toda a área de soja já colhida foi coberta com milho safrinha. Até o momento, foram plantados no Estado 715 mil hectares de milho . A expectativa da entidade é que o plantio da safrinha também seja concluído mais cedo neste ano, até o fim de fevereiro.

A Conab prevê para o Mato Grosso aumento de 5% na área plantada com milho safrinha, que se confirmado resultará em 922,7 mil hectares. Em volume, a expectativa é de aumento de 6% em relação a 2005/06, para 3,465 milhões de toneladas. Se alcançado, esse volume será o maior já registrado no Estado. (Colaborou FL)