Título: Vendas de veículos afetam comércio em novembro
Autor: Martins, Arícia
Fonte: Valor Econômico, 16/01/2013, Brasil, p. A5

Influenciado por resultado negativo no setor de automóveis, mas com crescimento em cinco dos dez segmentos analisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o volume de vendas no varejo ampliado (que inclui veículos e material de construção) recuou 1,2% entre outubro e novembro, feitos os ajustes sazonais. Excluindo-se esses dois ramos de atividade, o desempenho do comércio também foi modesto no período, com alta de 0,3% na passagem mensal, reforçando sinais de uma economia em retomada bastante modesta.

Para economistas, é natural que o volume de vendas passe por certa acomodação após um ano de expressiva aceleração. O mercado de trabalho apertado e ganhos salariais robustos, dizem eles, ainda sustentam o consumo em setores que dependem da renda corrente, ao passo que, no ramo de veículos, pesou em novembro a antecipação de demanda observada em outubro. Naquele mês, as vendas de carros subiram 17,6%, já que a perspectiva de encerramento do IPI reduzido, posteriormente prorrogado, provocou corrida às concessionárias.

A despeito da volatilidade causada pelo incentivo fiscal, a avaliação geral é que o comércio mostrou ritmo razoável no último trimestre, ajudando na recuperação da atividade, e encerrará 2012 com expansão próxima de 9%.

Segundo Aleciana Gusmão, técnica da coordenação de serviços e comércio do IBGE, a prorrogação da redução do IPI para automóveis novos até dezembro, anunciada em outubro, adiou as compras desse bem. "Acredito que, em dezembro, teremos um aumento nas vendas de veículos semelhante ao visto no período setembro-outubro", disse. O segmento restrito, por outro lado, continuou em ascensão em razão do aumento da renda do trabalhador, da manutenção do desemprego em níveis baixos e do crescimento do crédito combinado com queda das taxas de juros, na visão da técnica.

Para Daniel Moreli Rocha, superintendente de tesouraria do Banco Indusval & Partners, um bom exemplo de que as condições para a o consumo continuam favoráveis é o significativo aumento de 4,2% das vendas de outros artigos de uso pessoal e doméstico na passagem mensal, setor que acumula alta de 9,3% de janeiro a novembro.

Como em 2013 a perspectiva é que a desocupação siga em nível baixo e a massa salarial crescendo acima da inflação, o analista conta com comportamento ainda robusto do varejo, embora as vendas ampliadas, em sua opinião, possam perder um pouco de fôlego devido à volta escalonada do IPI e também a um aumento de custos na produção de veículos.

Em dezembro, dados da Fenabrave, entidade que reúne as concessionárias, mostram que as vendas de automóveis aumentaram 15,3% ante novembro, o que, para os economistas, aponta recuperação do varejo ampliado. Uma alta de 5%, como observado em outubro, porém, está fora de cogitação.