Título: Amin 'cola' em Lula para tentar o governo de SC
Autor: Jurgenfeld, Vanessa
Fonte: Valor Econômico, 27/10/2006, Política, p. A6

Para conquistar votos na reta final e tentar reverter a vantagem de Luiz Henrique da Silveira (PMDB), apontado como favorito nas pesquisas de intenção de voto para o governo de Santa Catarina, Esperidião Amin (PP) tem colado sua imagem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), passou a fazer carreatas ao lado do vice-presidente, José Alencar, e intensificou falas sobre temas freqüentes da campanha petista, como o discurso contrário à privatização.

"O candidato à reeleição e seus aliados querem vender a Casan, vender a Celesc, e a SC Gás para pagar os altos custos dos cargos políticos e das secretarias regionais", disse, em recente discurso, aproveitando-se de alguns projetos já aprovados pelo Executivo.

Em uma aliança inédita no Estado, PT e PP tentam reverter dados da última pesquisa Ibope/RBS, do dia 21 de outubro, na qual Silveira aparecia com 53% das intenções de voto, enquanto Amin tinha 38%. O resultado mostrava estabilidade em relação à pesquisa anterior, do dia 14, e sinalizava que os votos de José Fritsch (PT), o terceiro colocado, não tinham sido canalizados de forma homogênea para nenhuma das candidaturas.

Amin, que já foi governador de Santa Catarina por duas ocasiões, em 1983, e em 1998, conseguiu levar a disputa para o segundo turno, uma situação que era dada como imprevista pelas pesquisas durante a maior parte do tempo. Ao disputar com Silveira, os dois refazem a mesma dobradinha de 2002, quando também levaram a eleição para o segundo turno, porém em situação inversa: era Amin que liderava. A eleição, contudo, foi ganha por pouca margem de votos, cerca de 20 mil. Naquele ano, Silveira vencia justamente com o apoio de petistas.

Silveira tem revidado às críticas principalmente com comentários sobre a aliança do PP com os petistas. A campanha do pemedebista diz que essa aliança gera mais repulsas do que adesão. Apoiado por PSDB e PFL, Silveira afirma que "a aliança de Amin foi de última hora e rachou o PT". Em programa recente na TV, mostrou o apoio justamente de Volnei Morastoni (PT), prefeito de Itajaí, hoje o principal reduto do petistas. Também buscou declarações mais populares como a de Rose Berger, esposa do prefeito de Florianópolis, Dário Berger (PSDB), e a de Angélica Colombo, esposa do senador recém-eleito Raimundo Colombo (PFL).

Nos últimos dias de campanha, os candidatos foram mais incisivos nos ataques. Amin chegou a ser punido por ter veiculado imagem do seu adversário, em que mostrava uma conversa em que Silveira estaria descontente com a atuação de fiscais da Fazenda junto a seus amigos empresários de Joinville. O TRE-SC considerou que houve montagem nas imagens e puniu Amin com minutos a menos no seu programa. Amin também partiu para a associação do seu rival ao senador Jorge Bornhausen (PFL), questionando na TV: "cadê o Jorge?", afirmando que Silveira não coloca Bornhausen no programa por considerar que poderá perder votos.

A campanha de Silveira, por outro lado, relembrou o eleitor sobre o posicionamento de Amin nas eleições passadas, em que declarou voto em Fernando Collor, depois em Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Disse que no primeiro turno, Amin votou em Geraldo Alckmin (PSDB) e agora mudou para se eleger. O pemedebista também fez questão de associar Amin ao deputado federal recém-eleito pelo mesmo partido, Paulo Maluf.

Nas ruas, as últimas campanhas concentram-se nos maiores colégios eleitorais. Amin fez ontem caminhada no largo da alfândega, em Florianópolis, ao lado de petistas, aproveitando a melhora de Lula nas pesquisas de intenção de voto em Santa Catarina. Silveira concentrará nesta sexta-feira caminhadas nas cidades de São José, Blumenau, Lages (reduto de Colombo) e segue sábado para Joinville, cidade onde venceu no primeiro turno com 60% dos votos, e é seu berço político.