Título: Abertura proporcionou espaço para 74 empresas
Autor: Vasconcellos , Paulo
Fonte: Valor Econômico, 25/09/2012, Especial, p. F10

Quinze anos depois da Lei 9.478, que em 1997 abriu o setor à iniciativa privada, nada menos de 74 empresas atuam na exploração e produção de petróleo no país. Trinta e oito são brasileiras e em pouco tempo se capacitaram a disputar um lugar no mercado com companhias do porte da Shell ou da Chevron. Nem mesmo a interrupção nas rodadas de leilões da Agência Nacional de Petróleo (ANP) para novas áreas de exploração reduziu os investimentos ou arrefeceu a confiança de que o petróleo é uma das alavancas do crescimento do país.

A Shell, que atua no país há 99 anos, foi a primeira empresa privada a participar da exploração e produção de petróleo no Brasil com a abertura do setor. Líder de mercado entre as petrolíferas multinacionais que operam no país, a empresa produziu 29 milhões de barris em 2011 - 7% acima da meta prevista para o ano. Por dia, a produção média foi de 80 mil barris - 4,5% da produção nacional. A Shell mantém investimentos crescentes em toda a cadeia - da pesquisa à distribuição de combustíveis. Só no desenvolvimento do Parque das Conchas, no Espírito Santo, investiu mais de US$ 2 bilhões. O início da produção está previsto para 2013. "Temos interesse no crescimento do Brasil", afirma Andre Araújo, presidente da Shell Brasil.

A Queiroz Galvão Exploração e Produção, que este ano está investindo US$ 80 milhões, vai duplicar os recursos para a descoberta e desenvolvimento de novos campos no ano que vem com aporte de US$ 165 milhões. "Os leilões são combustíveis importantes para a indústria, mas temos apostado também na diversificação por meio de aquisições", diz Paula Costa, diretora financeira e de relações com investidores da QGEP. A empresa, que integra o grupo industrial Queiroz Galvão, fundado em 1953, participou de todos os leilões da ANP e adquiriu concessões em seis das dez rodadas realizadas. Hoje é a maior companhia privada nacional produtora de petróleo e gás e a única das privadas qualificada a atuar como operador A em águas profundas e ultraprofundas.

"O mercado de óleo e gás continuará sendo um grande impulsionador da economia brasileira", aposta Reinaldo Belotti, diretor de produção da OGX. Braço petrolífero do Grupo EBX, a OGX tornou-se em apenas cinco anos a empresa privada de óleo e gás que mais investe no país - mais de R$ 9 bilhões desde o início das atividades - e conta com ativos potenciais estimados em 10,8 bilhões de barris de óleo equivalente. São 34 blocos exploratórios localizados em algumas das bacias sedimentares mais promissoras do Brasil e da Colômbia, como as de Campos e Santos.

"A HRT olha o setor de óleo e gás com muito otimismo, no Brasil e na África. Aqui, torce pela retomada das licitações, na África aguarda pelos resultados de seus primeiros poços em 2013", diz o CEO da HRT O&G, Milton Franke. O Grupo HRT foi constituído em 2009 e no ano seguinte levantou R$ 2,3 bilhões para iniciar atividades nos países onde estão seus ativos: Brasil e Namíbia. Hoje é operadora em 21 blocos na Bacia do Solimões, na Amazônia, em parceria com a TNK-BP, tem nove poços perfurados, um deles com produção estimada em 3 milhões de m3 de gás por dia, e descobertas de hidrocarbonetos declaradas à ANP.