Título: Com indefinição sobre 'swap', real se deprecia
Autor: Campos, Eduardo; Osse, Jose Sergio
Fonte: Valor Econômico, 30/08/2012, Finanças, p. C2

O dólar comercial completou o terceiro pregão seguido de alta, mas não teve fôlego para ficar acima de R$ 2,05, preço máximo de fechamento do mês.

Depois de bater a máxima de R$ 2,055 (+0,59%), a moeda encerrou o dia com valorização de 0,24%, a R$ 2,048. Na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), o dólar para setembro subiu 0,26%, a R$ 2,0525. Esse contrato deixa de ser negociado no fim da semana e a referência fica com o dólar para outubro, que ganhou 0,29%, a R$ 2,061.

A indefinição sobre o que o Banco Central (BC) fará no fim do mês, quando vencem US$ 4,1 bilhões em contratos de "swap" cambial, movimenta a ponta de compra da moeda americana.

Caso a autoridade monetária decida não rolar esses contratos, o efeito líquido sobre o mercado será equivalente ao de compra.

"O mercado não acredita que o BC vá rolar os swaps. Assim, o BC não precisa intervir para o dólar subir. É só se omitir que ele sobe", disse o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo. "O mercado já está comprando hoje para se preparar para caso o BC não role os swaps."

Para um diretor de corretora, a percepção é de que os bancos estariam "chamando" o Banco Central para fazer um leilão de swap tradicional (que equivale à venda de dólar futuro).

Ainda de acordo com o profissional, a movimentação do mercado é a mesma observada no fim de julho, quando os preços passaram a subir em função da expectativa de que o BC não rolaria os contratos de swap. Nos últimos três pregões de julho, o dólar subiu 1,38% e fechou o mês a R$ 2,05.

Para um gestor de fundos, não faz sentido pensar que o BC entraria para "vender" moeda a R$ 2,05. "Nem quando o câmbio era oficialmente fixo, a banda de oscilação era tão estreita", diz, fazendo referência ao intervalo entre R$ 2,001 a R$ 2,05.

Para esse especialista, a rolagem dos contratos de swap teria efeito neutro na formação de preço. "Mas o BC não tem atuado dessa forma."

Olhando para setembro, o gestor não descarta uma melhora no fluxo de recursos para o país, conforme bancos e outros agentes preparam a retomada das captações externas.

O dia também trouxe novos dados sobre o fluxo cambial. Agora em agosto até o dia 24, o resultado estava negativo em US$ 2,213 bilhões, com saída de US$ 1,656 bilhão pela conta comercial e déficit de US$ 557 milhões na conta financeira.

Como o fluxo cambial está negativo, são os bancos que dão liquidez ao mercado. Com isso, é possível estimar que a posição comprada das instituições financeiras no mercado à vista tenha recuado de US$ 2,679 bilhões no fim de julho, para cerca de US$ 460 milhões.

Quanto menor esse estoque de dólares, maior a chance de o BC ter de vir a mercado ofertar dólares à vista. No entanto, a percepção é de que o fluxo teria melhorado nesta semana, o que afasta essa possibilidade.