Título: Recém-nascidas e já faturam R$ 1 milhão
Autor: Valor
Fonte: Valor Econômico, 27/02/2007, Especial, p. F6

Um software que ajuda a ressuscitar pneus velhos, um equipamento que aposenta o uso do cloro nas piscinas e um pó para diminuir a evaporação da água em lagos e reservatórios. Esses são alguns dos novos produtos criados pelas empresas residentes nas incubadoras de São Paulo.

Com tanta inovação a caminho, algumas companhias querem colocar as novidades à venda ainda em 2007 e pretendem faturar de R$ 150 mil até R$ 1 milhão no primeiro ano de atividade, quando saírem das incubadoras.

A Camelback, por exemplo, só conseguiu entrar na IES (Incubadora de Empresas de Santos) graças a um projeto de pesquisa de aproveitamento de pneus. O software criado pela empresa monitora a emenda da borracha, durante o processo de vulcanização. Depois, indica exatamente o momento em que o trabalho precisa ser finalizado, sem prejudicar o pneu. O objetivo é dar maior durabilidade às rodas recauchutadas.

O produto, concebido para melhorar uma outra invenção da empresa - uma máquina que restaura dez pneus de caminhão ao mesmo tempo - já é usado na Recapadora do Porto de Santos (SP) e será vendido em escala, a partir de março.

"O sistema pode ser aplicado na indústria de reforma de pneus e no setor de artefatos de borracha", explica José Pedro Souza, diretor técnico da Camelback. O próximo desafio de Souza é produzir um composto químico que aumente a vida útil de pneus já modificados.

A Lótus Química Ambiental, incubada no Cietec (Centro Incubador de Empresas Tecnológicas), no campus da USP, se especializou em desenvolver tecnologias para a preservação dos recursos naturais.

O carro-chefe da empresa é um redutor de evaporação de água doce. Trata-se de um pó biodegradável que, ao ser aplicado na água, forma um filme na superfície - da espessura de uma molécula - que se espalha e reduz a evaporação. A diminuição da evaporação protege os ecossistemas e minimiza os impactos da seca.

Um quilo da mistura é suficiente para cobrir dez mil metros quadrados de superfície líquida. "Os testes em laboratório e em reservatórios reais confirmam que o produto não altera a qualidade da água e pode reduzir a perda do recurso, por evaporação, em até 50%", assegura o sócio da Lótus, Marcos Gugliotti.

A empresa espera vender o redutor a partir de 2007. A meta é produzir cinco toneladas do pó, por mês, no primeiro ano, com a estimativa de faturar R$ 9 milhões no quinto ano de atividade. Enquanto isso, estuda novos produtos, como uma substância para combater a proliferação de mosquitos e algas em reservatórios de água.

A Brasil Ozônio, também no Cietec, fabrica sistemas de tratamento de água. O BRO3, por exemplo, é um equipamento que produz ozônio a partir do oxigênio, obtido no próprio ambiente. "Ao invés de limpar uma piscina com cloro, é possível usar o ozônio para purificar a água. Ele é 20 vezes mais eficaz, com um efeito três mil vezes mais rápido que o cloro", diz Samy Menasce, sócio da Brazil Ozônio.

Segundo o executivo, uma piscina de 50 metros cúbicos de água pode ser limpa com o ozônio em apenas quatro horas, sem contra-indicações para o uso. Além de piscinas, o produto de Menasce pode ser utilizado em poços artesianos e no tratamento de efluentes industriais. Outra aplicação é na higienização de hortaliças, com a capacidade de aumentar a vida útil dos vegetais colhidos em até 50%. "O ozônio deixa a cor das verduras mais vivas".

A Brazil Ozônio já conquistou mais de 100 clientes, como hotéis e condomínios, e faturou R$ 250 mil em 2006. A meta para 2007 é diversificar compradores e chegar a R$ 1 milhão de faturamento. O próximo projeto da empresa é um equipamento de lavagem sob pressão - útil para frigoríficos e indústrias - que usa o ozônio para lavar e desinfetar pisos e paredes.

Já a Nexus Geoengenharia criou um software que permite traçar o mapa das tubulações de uma cidade. "Com esse mapeamento, é possível identificar locais com problemas e evitar gastos com obras desnecessárias, além de evitar o desperdício de água", explica Sérgio Risola, gerente do Cietec.

Quem também está preocupada com a economia de água é a Sociedade do Sol (SoSol). A incubada do Cietec desenvolveu um sistema de reuso de água residencial. A idéia é reaproveitar a água do banho nas descargas dos vasos sanitários. A solução permite uma economia de até 30% da água utilizada, sem perigos para a saúde do usuário.

Na Easylux, instalada na incubadora InNova, de Santo André, a aposta da empresa é o "retrorrefletômetro". O equipamento avalia a visibilidade noturna da sinalização viária e simula as condições em que o motorista vê as informações nas estradas.

"O produto permite que o governo e as concessionárias possam conferir as condições de visibilidade e segurança das rodovias", defende o diretor da Easylux, Gustavo Paolillo.

Segundo Paolillo, a Easylux deve faturar R$ 150 mil em 2007, seu ano de estréia no mercado. (J.S.)