Título: Brasileiros investem em lojas próprias no exterior
Autor: Barone, Vanessa
Fonte: Valor Econômico, 27/09/2006, Empresas, p. B6

As grifes brasileiras que já conquistaram butiques e lojas de departamento no exterior vivem um novo momento. A moda agora é abrir lojas com bandeira própria, na Europa, na Ásia e nos Estados Unidos.

Na maior parte dos casos, o modelo escolhido é o de franquias, muitas vezes abertas em parceria com antigos distribuidores. É o caso da grife de sapatos Carmen Steffens, da marca de roupas e acessórios Osklen (com suas lojas européias) e dos designers Francesca Giobbi e Alexandre Herchcovitch - ambos prestes a abrir lojas em Tóquio, em março e fevereiro de 2007, respectivamente.

Há também o modelo de estruturas próprias, a exemplo do que fazem os grupos catarinenses AMC Têxtil, com a grife Colcci, e Marisol, com a marca infantil Lilica Ripilica, que abre hoje, em Milão, a sua maior loja na Europa.

"As lojas monomarcas, além de sua função comercial, fazem os clientes conhecerem o espírito da marca", diz Luís Fernando Justo, o executivo-chefe da Osklen, do Rio de Janeiro, que abrirá duas lojas próprias em março, em Nova York. A grife, que exporta 5% de sua produção, já tinha lojas na Europa, no formato de franquias.

A loja própria reforça a mensagem de que a marca vende um estilo de vida. "Os produtos isolados, não deixam claro este conceito", diz Justo, que estuda a abertura de mais uma loja em Milão e outra em Roma, em 2007.

Nascida em Franca (SP) e com 14 anos de mercado, a marca Carmen Steffens tem planos ambiciosos para o mercado americano: abrir 57 lojas (via franquia), em dez anos. A primeira delas acaba de ser inaugurada, no Fashion Square Mall, em Los Angeles. "Nos Estados Unidos, temos um investidor local, o Aloft Group", diz Gabriel Spaniol, gerente de franquias internacional da marca. A Carmen Steffens, que produz 600 mil calçados e bolsas por ano, fatura R$ 97 milhões.

Segundo Spaniol, a primeira loja internacional da grife foi aberta em Portugal há quatro anos. "Nossos produtos sempre fizeram sucesso entre as turistas. Já houve uma russa que comprou 20 pares, que tiveram de ser despachados pelo correio." Segundo ele, os calçados e bolsas agradam as estrangeiras por serem ricos em detalhes e muito femininos. No exterior, um par de calçados da grife custa entre US$ 150 e US$ 700.

O crescimento via loja com bandeira própria, embora mais lento, é mais sólido, diz Spaniol. "Fazemos a loja com a nossa cara e expomos os produtos de forma correta". Em lojas multimarcas, há competição entre os produtos e vence o mais barato. "Vi boas grifes brasileiras sendo vendidas em pontos ruins e isso acaba queimando a marca."

O AMC montou um escritório em Barcelona (Espanha) para cuidar da distribuição de seu produto na Europa e da abertura de franquias da grife Colcci. O grupo já vende a 800 lojas multimarcas no continente. "A intenção é ter entre 40 e 50 franquias, até 2013", diz Judite Padoan, gerente da divisão internacional da Colcci. O AMC também abriu uma filial nos Estados Unidos. Em fevereiro deste ano, a grife inaugurou duas franquias na Arábia Saudita. "Não há produto como o nosso na região". As peças da Colcci são feitas no Brasil. Atualmente, cerca de 30% da produção vai para o mercado externo.

O grupo Marisol, que já garante 8% de seu faturamento com vendas externas, investiu US$ 5 milhões na abertura de duas lojas Lilica Ripilica na Itália. A primeira foi inaugurada em Nápoles, em julho deste ano. Até 2010, o grupo deverá bater a marca dos 20% da produção destinada ao exterior. Ano passado, a empresa abriu um escritório de representação na Itália. As butiques italianas são as primeiras abertas dentro dessa nova estratégia. O grupo já possuía 12 franquias no exterior, com a bandeira Lilica e Tigor.

A Marisol produz cerca de 25 milhões de peças de roupa por ano e faturou quase R$ 400 milhões em 2005. Para este ano, a previsão é chegar aos R$ 500 milhões de faturamento.