Título: Governo investe em biotecnologia para diversificar indústria
Autor: Moreira, Ivana
Fonte: Valor Econômico, 31/08/2006, Brasil, p. A2

O governo federal aposta no desenvolvimento do Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA) para diversificar a produção e aumentar as exportações da Zona Franca de Manaus. Hoje, mais de 50% do faturamento do distrito industrial de Manaus vem dos setores de eletrônica e informática.

O ministro do Desenvolvimento (MDIC), Luiz Fernando Furlan, contestou ontem críticas ao projeto, no qual já foram investidos R$ 40 milhões. "Recebi em 2003 um prédio vazio, assumi o risco de fazer e vi hoje resultados concretos", afirmou o ministro, depois de visitar o centro instalado em Manaus.

Cerca de cem técnicos trabalham nos 11 laboratórios montados no CBA. É apenas metade da estrutura prevista, faltam recursos para concluir o projeto. Para o ministro, entretanto, é preciso celebrar o que já foi conquistado. "A imprensa pode ver um copo meio vazio, eu vejo um copo meio cheio. As coisas (em pesquisa) levam tempo", disse o ministro, que é engenheiro químico.

O CBA já desenvolve, segundo o ministro, pesquisas importantes nas áreas de corantes naturais, inseticidas naturais e alimentos. Dois projetos estão sendo desenvolvidos para empresas da iniciativa privada. Mas os contratos não permitem a divulgação do nome das empresas.

"O Brasil tem potencial para ser um player mundial em biotecnologia", disse o secretário do Desenvolvimento da Produção do MDIC, Antônio Sergio Martins Mello. "Queremos que o CBA seja uma referência mundial." De acordo com o secretário, pesquisas desenvolvidas pelo centro poderão fomentar investimentos da iniciativa privada não só na Amazônia.

Para o diretor do CBA, Imar Araújo, os investimentos do governo federal no centro têm sido um mecanismo importante também para aproveitar os conhecimentos de cientistas do Amazonas, que acabam deixando o Estado por falta de oportunidade de trabalho. "Estamos criando oportunidades concretas." Segundo Araújo, o CBA já está firmando convênio com outras importantes instituições de pesquisa, como a Embrapa, para desenvolver projetos em parceria.

O Centro de Biotecnologia da Amazônia foi construído durante o governo FHC. Só na construção foram aplicados cerca de R$ 14 milhões. Furlan prometeu liberar recursos para que, até o fim de 2007, 80% da estrutura de laboratórios do centro tecnológico esteja em funcionamento. (IM)