Título: Aquisição fortalece área de saúde da Bayer
Autor: Zínia Baeta
Fonte: Valor Econômico, 18/07/2006, Empresas &, p. B8

A divisão de cuidados com a saúde (HealthCare) da Bayer no Brasil, que hoje ocupa o segundo lugar no faturamento da empresa alemã, passará a dividir com a unidade de agronegócios (CropScience) a dianteira das receitas do grupo no Brasil. O crescimento da área de saúde da empresa ocorre em razão da aquisição da farmacêutica Schering e, ao mesmo tempo, da crise vivida setor agrícola brasileiro entre 2005 e este ano. O presidente da Bayer HealthCare no Brasil, Sérgio Oliveira, informa que, com esses dois fatores, o faturamento da área, correspondente a 30% do faturamento do grupo no Brasil, passará a ser de cerca de 40%. Segundo ele, a Bayer CropScience deve responder em 2007 também com 40% do faturamento e a divisão Bayer MaterialScience com 20%. Com a aquisição, o faturamento da área de saúde quase dobrará. A previsão para este ano é de a unidade faturar R$ 600 milhões e a Schering, cerca de R$ 500 milhões. "Na nova organização, a farmacêutica, batizada de Bayer-Schering of Farma, passa a ser de extrema importância para o Brasil", diz Oliveira. O presidente afirma que a Schering complementará áreas na qual a Bayer não atua. Como exemplo, ele cita a área ginecológica, como os contraceptivos, contrastes para exames médicos além da área de oncologia.

Para todas as áreas de atuação do grupo, a empresa alemã criou grupos de trabalho que atuarão na integração das duas empresas. No Brasil, esse grupo, por exemplo, está avaliando cada profissional que atua nas duas empresas. O que se espera, diz, é que os melhores profissionais continuem na nova indústria farmacêutica, que nasce com a união da Schering e Bayer Healthcare. Por isso, Oliveira admite que ocorrerão algumas demissões no país. "Mas ainda é cedo para dizer números", diz. Porém em nível mundial, ele afirma que devem ocorrer 6 mil demissões. A Bayer emprega em todo o mundo 93,6 mil pessoas. No Brasil, todo o grupo Bayer é responsável por 2,4 mil empregos. Na área de saúde são aproximadamente 800 trabalhadores. No Brasil a Schering, como afirma, é responsável pro cerca de 750 empregos.

No Brasil, a Bayer aguarda a liberação pela Câmera de Medicamentos (Cmed) do preço para a comercialização do Nexavar, medicamento indicado para o tratamento de câncer renal, para lança no Brasil, o que deve ocorrer em até um mês depois da decisão. O Nexavar é uma das grandes apostas da divisão. A companhia espera que as vendas ultrapassem US$ 1 bilhão, se o medicamento for aplicado em todas as áreas para as quais está sendo desenvolvida (melanoma, câncer de fígado e pulmão). Por enquanto, o remédio é usado apenas para o tratamento renal. O nexavar foi aprovado nos Estados Unidos (EUA) no fim de 2005 e lançado em janeiro. Segundo Sérgio Oliveira, o medicamento já foi usado em mais de 60% dos casos de câncer renal nos EUA

O interesse em adquirir a Schering foi anunciado pela Bayer em março deste ano. O negócio foi fechado em junho, quando a alemã adquiriu mais de 20% das ações da empresa, numa disputa com a alemã Merck. Segundo o coordenador de pesquisa da Bayer HealthCare, Timo Flessner, até a semana passada a Bayer havia adquirido 92,4% das ações da Schering. A Bayer pretende atingir ao menos 95% das ações até setembro, quando será realizada a primeira assembléia-geral para endossar a compra da Schering e ser aprovado o conselho administrativo da nova empresa farmacêutica. A Bayer pretende ser 100% dona da Schering, mas se alcançar o percentual de 95% , os acionistas minoritários já deixam de ter influência sobre as decisões da empresa e deixam de ter representatividade no conselho. "Enquanto não atingir esse percentual (95%) há a preocupação de os minoritários se sentirem prejudicados", diz Oliveira. Essas ações encontram-se hoje nas mãos de investidores pessoa física e têm sido adquiridas por 89 euros.

A jornalista viajou a convite da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha