Título: Brasil negocia com novo governo da Líbia
Autor: Leo,Sergio
Fonte: Valor Econômico, 27/09/2011, Internacional, p. A11

O Brasil deve enviar um carregamento de arroz ao sul da Líbia e estuda ajudar o novo governo na desmontagem de minas terrestres no país, segundo compromisso firmado entre o ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, e o primeiro-ministro de facto da Líbio, Mahmoud Jibril. Patriota recebeu Jibril ontem, em Nova York, em reunião "descontraída", segundo definiu uma autoridade que acompanhou o encontro.

Segundo informou ao Valor a autoridade brasileira, no encontro de meia hora Jibril reafirmou o interesse do Conselho Nacional de Transição da Líbia em normalizar as relações com o Brasil e as empresas brasileiras (Odebrecht, Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez e Petrobras têm negócios de quase US$ 5 bilhões no país).

O líder líbio informou que em breve regularizará as funções da embaixada do país em Brasília - onde o embaixador nomeado pelo ex-ditador Muamar Gadafi aderiu aos rebeldes - e acertou com Patriota a ida de uma missão do Brasil a Trípoli "o mais rápido possível". Ele pediu ao ministro uma semana de prazo para que o CNT esteja em condições de operar na capital e tratar de assuntos bilaterais com os enviados brasileiros.

Patriota disse ao líder do CNT que o Brasil foi um dos países que apoiou o reconhecimento dos rebeldes no comitê de credenciamento da Assembleia Geral das Nações Unidas.

Embora Patriota e Jibril não tenham tratado dos detalhes sobre os interesses das empresas do Brasil na Líbia, onde as maiores obra, a do aeroporto e do anel viário de Trípoli, estão a cargo da Odebrecht, o premiê deixou boa impressão no governo brasileiro, ao elogiar a atuação das empresas brasileiras e garantir que quer a normalização das relações bilaterais.

Patriota também teve encontros com representantes do Irã e do Iraque. Há planos de missões empresariais ao Iraque, e os iranianos informaram que querem ampliar os negócios entre os dois países. O Irã deseja aumentar suas exportações de farmacêuticos ao mercado brasileiro e incentivar o turismo de iranianos no Brasil, elevando o volume de comércio a patamares semelhantes aos registrados entre Irã e Turquia, hoje em torno de US$ 2 bilhões.