Título: Acidente na Bolívia atinge Petrobras
Autor: Cláudia Schüffner
Fonte: Valor Econômico, 07/04/2006, Empresas &, p. B10

A Petrobras tirou três termelétricas de operação e reduziu o consumo de suas refinarias no Sudeste para compensar a redução de 5 milhões de metros cúbicos/dia das exportações de gás da Bolívia para o Brasil. Com isso, as importações de gás, que estavam na faixa de 25 a 26 milhões de metros cúbicos por dia, caíram para 21 milhões. A medida, que afetou as térmicas de Três Lagoas, Arjona e Canoas, foi tomada devido a um acidente causado pelas fortes chuvas que castigam a Bolívia desde domingo, provocando o rompimento dos dutos da Petrobras que escoam a produção de condensado e gás natural dos campos de San Antonio (operado pela estatal) e Margarita (operado pela Repsol). Fontes da Petrobras informaram que a companhia está administrando a redução da oferta de gás em suas próprias instalações. A estatal frisou que a redução das importações não afeta o suprimento para as distribuidoras brasileiras, e portanto não tem efeito sobre o consumo residencial, comercial e industrial. Juntos, os campos de San Antonio e Margarita produzem 15 milhões de metros cúbicos de gás por dia. Mas após o acidente essa produção foi reduzida para 5 milhões de metros cúbicos. Para administrar o problema, a Bolívia reduziu em cerca de 3 milhões as exportações de gás para a Argentina. A chuva não afetou apenas os dutos da Petrobras, mas também os da Transierra (que opera a rede interna de gasodutos bolivianos) e da CLHB. Os reparos tanto na tubulação como a colocação de escoras na região (que fica em uma serra) devem demorar entre 20 dias e 30 dias. O que está impedindo o início das obras é a greve dos trabalhadores da região de Gran Chaco, em Tarija, onde fica a cidade de Santa Cruz, sede das petroleiras. Com o rompimentos dos dutos, Tarija está sem fornecimento de gás de cozinha (GLP) e eletricidade. Mesmo assim, o consultor especializado em petróleo Marco Aurélio Tavares, da Gás Energy, não vê risco para o Brasil. "Mesmo que seja preciso paralisar a produção de San Antonio e Margarita, o mercado brasileiro não será afetado porque é possível administrar o fornecimento fazendo um corte adicional para as térmicas e reduzir ainda mais o despacho para a Argentina, já que o contrato com o Brasil é prioritário", explicou.