Título: Ipsis Litteris
Autor: Batista, Fabiana ; Inacio, Alexandre
Fonte: Valor Econômico, 31/05/2011, Agronegócios, p. B14

Maior produtor de soja e algodão do país, Eraí Maggi não teme os movimentos de consolidação que vê à sua volta. Com cerca de 370 mil hectares cultivados, boa parte em terras arrendadas, Eraí observa que ser grande não tem relação apenas com o tamanho de área plantada, mas com o bom uso da terra. A Bom Futuro, empresa agropecuária da qual é proprietário em Mato Grosso, consegue fazer até três cultivos por safra na mesma área. "Ser grande é ter sustentação financeira, buscar diversificação para diluir risco e usar todo o potencial da terra", avalia. O produtor discorda das comparações entre grande, médio e pequenos no que diz respeito à eficiência do negócio. "Vejo pequenos e médios tocando muito bem seus cultivos. Vão levar pancada os que investirem mal e produzirem mal", alerta Eraí.

Para ele, o problema de ter vastas áreas de produção surge quando o produtor se esquece de acompanhar o dia a dia do negócio. "Você não pode ficar grande na cabeça. Minha empresa cresceu, mas eu almoço com os peões, estou na lavoura e em cima do trator junto com os peões. Continuo com a mão na massa no negócio", afirma.

Eraí lidera um grupo de empresas rurais de grande porte, com tradição no campo, formado por empreendedores como Blairo Maggi, proprietário da AMaggi, como Walter Horita, que produz grãos e fibras no Oeste baiano, e outras dezenas de produtores cuja área conjunta supera 1 milhão de hectares. "Acho importante que os produtores que precisam crescer tenham o apoio de empresas capitalizadas. Penso que há aqui em Mato Grosso três tipos de produtores, independentemente do porte. Um terço deles vai bem, está capitalizado. Outro um terço toca a vida de forma mediana e outro um terço que toca o negócio mal e por isso a terra troca de mãos". (FB)