Título: Commodities vão ajudar inflação, diz Mantega
Autor: Ennes , Juliana
Fonte: Valor Econômico, 17/05/2011, Brasil, p. A4

Para Mantega, que ontem falou em evento no Rio, preço do etanol cairá logo O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deverá terminar o ano próximo ao teto da meta estabelecida pelo governo, de 6,5% ao ano. Ele ponderou, no entanto, que a inflação brasileira tem crescido menos do que em outros países, minimizando o impacto da alta de preços sobre a economia nacional. "Em 2011, temos a certeza de que a inflação estará dentro do limite superior da meta. Estamos vendo nitidamente a tendência de redução. O Brasil tem cumprido [a meta], tem controlado a inflação e se utilizado dos instrumentos adequados para isso", afirmou.

Ele acredita que a expansão da oferta de etanol, a partir da entrada no período de safra em maio, fará com que os preços da gasolina caiam também na bomba de combustível. "Teremos daqui para frente redução de preços dos combustíveis que, ao lado das commodities, são o grande vilão da inflação", disse.

Mantega acredita também que a elevação de preços das commodities, que teria chegado a 40% nos últimos 12 meses, foi um surto que já começa a ceder, tendo recuado 6% no último mês. "A trajetória é descendente, vamos ter um alívio na inflação por parte das commodities", disse, em palestra no 23º Fórum Nacional, promovido pelo ex-ministro João Paulo dos Reis Velloso, na sede do BNDES.

Mantega acredita também que o país sofre, de um lado, com os elevados preços das commodities, mas também acaba sendo beneficiado por isso, já que é um país produtor de petróleo e é também um grande produtor de commodities agrícolas. "É uma moeda que tem duas faces, a elevação dos preços das commodities", disse.

Ele lembrou ainda que países mais dinâmicos têm pressão inflacionária externa, mas também interna. A economia mais aquecida gera um risco de contágio, que deve, segundo o ministro, ser combatido pelo governo. "Não há nenhum relaxamento do governo em relação à inflação, está sempre atento para que não passe dos limites", afirmou.

Para o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, a instituição está fazendo o seu papel para o combate à inflação, ao reduzir nominalmente o volume de desembolsos, além de já ter elevado as taxas de juros do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), que representa cerca de 40% dos recursos do banco.

"Temos uma participação importante [no combate à inflação], porque uma queda nominal de 1% tem uma queda real ainda maior. Estamos tratando do investimento, que precisa continuar crescendo para criar capacidade produtiva, para garantir o futuro, no médio prazo", afirmou.

Ele acha que, ao desacelerar o ritmo de crescimento do crédito, ajuda a contribuir para a redução da alta de preços na economia. "Quando estabilizamos e temos pequena queda, está em linha com as orientações macroeconômicas do ministro da área, e temos feito esforços para moderar a expansão." Coutinho disse que não há previsão para alterar a TJLP, taxa de juros usada como referência nos empréstimos do banco, mas que os spreads entre a taxa e a Selic estão estáveis e tendem a convergir.