Título: Grupo de Trabalho Eleitoral do PT traça estratégia de alianças nos Estados
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 11/11/2009, Politica, p. A10

A primeira reunião do Grupo de Trabalho Eleitoral do PT com os diretórios estaduais - que começou ontem e prossegue ao longo do dia de hoje - servirá para que a cúpula da legenda mostre como deverá ser o comportamento do partido e da militância no embate com a oposição em 2010. A direção nacional também vai apresentar uma pesquisa mostrando o potencial de cada pré-candidato do PT nos diversos Estados e ouvir dos presidentes estaduais quais as dificuldades para fechar coligações com os demais partidos da base aliada.

A principal estrela desse encontro, a candidata do partido a presidente, ministra Dilma Rousseff, não compareceu. Teve que acompanhar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em reunião com o governador do Rio, Sérgio Cabral Filho.

De acordo com o presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), esta primeira reunião serve para que todas as instâncias partidárias tenham uma avaliação inicial conjunta de como serão as eleições do próximo ano. "A ideia é fazer uma análise de como o PT está neste momento", explicou Berzoini. O assessor especial da Presidência e coordenador do programa de governo do PT, Marco Aurélio Garcia, também apresentou aos integrantes dos diretórios estaduais as linhas gerais para a campanha presidencial.

O grande debate, marcado para hoje, são as dificuldades para as composições estaduais. A ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy mostra-se reticente quanto a um acordo em seu Estado. Principal defensora de que o PT deve ter candidato próprio ao governo paulista - Lula quer que o partido apoie Ciro Gomes, do PSB - ela lembra que tanto em São Paulo quanto em Pernambuco (onde o governador Eduardo Campos, do PSB, espera o apoio do PT na campanha à reeleição), a situação ainda está nebulosa. "Antes de fevereiro não teremos definição", declarou.

Berzoini está um pouco mais otimista, especialmente após a reunião, em São Paulo, com a presença de praticamente todos os partidos da coalizão nacional - os principais ausentes foram o PP e o PMDB. No encontro, os partidos, inclusive o PSB, demonstraram interesse em unir forças contra PSDB e DEM, que governam o Estado e a cidade de São Paulo. "É claro que a nossa ideia é ter uma candidatura única. Mas precisamos avançar aos poucos. O primeiro passo é a disposição de discutirmos estratégias em comum", disse o presidente do PT.

Ele não mostrou muita preocupação com a "trégua" firmada entre o presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), e o presidente do diretório paulista da legenda, Orestes Quércia. No fim de semana, os dois acertaram que Temer não iria interferir na sucessão do PMDB local, mesmo sendo Quércia um dos principais defensores de uma aliança nacional com o governador José Serra. Temer prometeu ao presidente Lula que pelo menos 60% dos delegados paulistas do PMDB vão apoiar a candidatura Dilma na convenção de junho de 2010.

Para Berzoini, o PMDB, tradicionalmente, nunca consegue aglutinar todos os correligionários na mesma direção. "Mas a trégua é um sinal positivo, à medida que dissensos públicos acabam por enfraquecer qualquer posição majoritária". Favorito na disputa à presidência do PT em novembro, José Eduardo Dutra (SE) reforçou o alerta. "Temos que trabalhar duro para evitar que as divergências estaduais entre PT e PMDB comprometam a aliança", acrescentou.

Ontem foi inaugurada, na sede do PT, nova estrutura de comunicação, com estúdios de rádio e TV. A expectativa, contudo, é que a propaganda eleitoral de Dilma - que será conduzida pelo publicitário João Santana - seja feita em outro local, com mais recursos