Título: Chegada pelo Acre
Autor: Luiz, Edson
Fonte: Correio Braziliense, 30/05/2010, Mundo, p. 23

A prisão de dois coiotes em Assis Brasil, há duas semanas, comprovou que o Acre virou uma porta de entrada de imigrantes ilegais no Brasil. Além dos haitianos, indianos, marroquinos, turcos, libaneses e outros latino-americanos têm sido flagrados em ações da Polícia Federal. No início do mês, a PF descobriu que o trânsito fácil pelo Peru torna a nova rota um atrativo para estrangeiros que pretendem imigrar irregularmente e trabalhar no Brasil, principalmente em São Paulo. No ano passado, uma operação realizada no estado, em Rondônia e na capital paulista desarticulou uma quadrilha de exploração de ilegais. No último dia 7, a PF prendeu oito imigrantes ilegais de Bangladesh, cujo destino final era São Paulo. Eles pagaram R$ 800 a um taxista para serem transportados de Assis Brasil ¿ na fronteira do Acre com o Peru ¿ para a capital paulista, onde já encontrariam emprego. O grupo seria introduzido no Brasil por um coiote contratado em Rio Branco por um bengali que morava no país e era casado com uma brasileira. A operação não deu certo e os estrangeiros ficaram retidos na PF e, depois, deportados.

Menor policiamento A rota é quase a mesma que os haitianos ilegais utilizam. Os estrangeiros cruzam o Mar do Caribe, atravessam o Panamá e entram no Peru via Equador. Depois, também de ônibus, chegam ao Acre por Assis Brasil, Brasileia e Epitaciolândia. A primeira cidade é a preferida, já que o número de policiais federais é menor. Muitos imigrantes ilegais usam ainda a Bolívia. Eles ficam em Cobija, na fronteira dos dois países, e depois cruzam para o Brasil, quando a fiscalização está relaxada. (EL)