Título: Alckmin renuncia sob pressão por CPI
Autor: Caio Junqueira e Cristiane Agostine
Fonte: Valor Econômico, 30/03/2006, Política, p. A8

No mesmo dia em que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) entregará sua carta de renúncia na Assembléia Legislativa, a oposição prepara uma série de atos pela instalação da CPI da Nossa Caixa, cujo objetivo seria apurar denúncias investigadas pelo Ministério Público paulista de que o banco estatal favorecia parlamentares na distribuição de verba publicitária, em troca de apoio no Legislativo. Alckmin tomará café-da-manhã com o presidente da Assembléia, Ricardo Garcia (PFL), ocasião em que deve entregar a carta para ser lida em plenário à tarde. Na chegada, porém, já verá as faixas que a oposição promete colocar pedindo "CPI Já". Pela tarde, a bancada petista se reúne com o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, Rui Pereira Camilo, para apresentar um mandado de segurança contra a decisão de anteontem do colégio de líderes que barrou a criação da CPI da Nossa Caixa. Em seguida, haverá encontro com o procurador-geral de Justiça do estado de São Paulo, Rodrigo Pinho, no qual será apresentada uma representação reforçando a necessidade de apuração das denúncias, bem como pedindo cópia da sindicância realizada pela Nossa Caixa. Assinam o documento deputados da oposição e da base aliada do governador -Romeu Tuma Júnior (PMDB), Caldini Crespo (PFL) e Afanázio Jazadi (PFL). Por fim, está programado um ato público pela abertura da CPI. "Vamos fazer campanha com todas as forças. Queremos fazer com eles o que fizeram conosco em Brasília", afirma o presidente estadual do PT, Paulo Frateschi. A verba de publicidade do banco Nossa Caixa teria sido usada em jornais, revistas e programas mantidos ou indicados pelos deputados Wagner Salustiano e Vaz de Lima, do PSDB, Edson Ferrarini e Bispo Gê, do PTB e Afanásio Jazadji, do PFL. O governo estaria ligado ao esquema por meio do então assessor de comunicação do governador, Roger Ferreira, exonerado do cargo na segunda-feira. Uma troca de e-mails com o ex-diretor do Nossa Caixa revelou que Ferreira pedia atenção especial aos veículos de comunicação ligados a aliados de Alckmin. O prefeito José Serra (PSDB) também deve apresentar hoje sua carta de renúncia, para ser lida no plenário da Câmara dos Vereadores. No entanto, o prefeito terá obstáculos internos para consolidar sua candidatura ao governo do Estado. Um dos pré-candidatos, o vereador José Aníbal, voltou a afirmar ontem que sua pré-candidatura será mantida mesmo se Serra renunciar. Para ele, as pesquisas que colocam o prefeito com mais da metade das intenções de voto no Estado são retratos momentâneos. Ao contrário de Aníbal, os outros pré-candidatos tucanos já afirmaram que retiram suas candidaturas caso Serra saia candidato.