Título: Adiada decisão sobre acordo automotivo
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 25/01/2006, Brasil, p. A3

Ainda não foi dessa vez que os governos brasileiro e argentino conseguiram fechar o acordo provisório para o setor automotivo, que deverá vigorar entre os dias 2 de março e 30 de junho deste ano. Até o dia 2 de março está valendo a prorrogação do último acordo, que venceria em dezembro do ano passado. Após reunião com representantes do governo argentino, o secretário de Desenvolvimento da Produção, Antônio Sérgio Martins Melo, disse que o acordo provisório está próximo, mas que ainda não há consenso sobre todas as condições. Segundo ele, o acordo provisório tende a manter o sistema flex por setor (que define um percentual de equivalências entre importações e exportações com alíquota zero para produtos do setor), mas não deverá tratar de uma data para a liberação do comércio entre os dois países. O valor dessas equivalências, no entanto, pode ser alterado. Hoje, para cada US$ 1 importado do setor automotivo, é possível exportar US$ 2,6 com alíquota zero. Para incentivar a indústria automotiva no Mercosul, uma alternativa em estudo é alterar essa relação, ampliando as vantagens das exportações pela Argentina. "Precisamos pensar como Mercosul", disse Melo referindo-se à importância de fortalecimento do bloco na disputa de investimentos com a China, Índia, Turquia e Tailândia. Já no acordo de longo prazo, que irá valer após 30 de junho, o governo brasileiro não deverá abrir mão da fixação de uma data para que se atinja o livre comércio no setor automotivo entre os dois países. Mas o governo só pretende acertar os termos desse novo acordo após o consenso sobre as regras até junho. O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Rogelio Golfarb, avaliou que ainda é prematuro falar em uma data para o livre comércio, enquanto as negociações sobre o acordo provisório ainda estão em curso. Essa data de livre comércio chegou a ser marcada para dezembro do ano passado, mas os dois governos decidiram renegociar os termos do acordo para dar mais tempo para que a indústria argentina amadureça. Apesar de ter uma produção muito maior que a da Argentina (2,4 milhões de unidades, ante menos de 400 mil do país vizinho), o Brasil tem interesse em atrair investimentos para o Mercosul. Para isso precisa contribuir para facilitar o crescimento da indústria argentina.