Título: Novo foco faz cotação da arroba bovina recuar
Autor: Alda do Amaral Rocha, Cibelle Bouças e Marli Lima
Fonte: Valor Econômico, 08/12/2005, Agronegócios, p. B12

A confirmação do foco de aftosa no Paraná e o temor de que a União Européia amplie o embargo à carne bovina brasileira pressionaram a cotação do boi gordo. Ontem, em São Paulo, a arroba do boi caiu R$ 1,00 para R$ 54 (a prazo para descontar funrural), de acordo com o Instituto FNP. Pelo levantamento da Scot Consultoria, a arroba ficou em R$ 53,50, ante R$ 54,00 na terça-feira. Para Fabiano Tito Rosa, da Scot, a possibilidade de a União Européia ampliar o embargo à carne bovina brasileira após a confirmação do foco de aftosa no Paraná levou frigoríficos a derrubarem os preços pagos aos pecuaristas. Segundo ele, algumas empresas chegaram a oferecer R$ 51 pela arroba do boi. "Há especulação", disse. José Vicente Ferraz, do Instituto FNP, acrescentou que o mercado estará atento à reunião de hoje do comitê veterinário da UE, em Bruxelas. "Fala-se que a União Européia poderia embargar todo o Brasil", comentou. Diante desse temor, os pecuaristas acabam ofertando mais, explicou. Após os focos de aftosa no Mato Grosso do Sul, a União Européia proibiu as compras do Estado, além de São Paulo e Paraná. Na avaliação de Tito Rosa, o mercado de boi gordo já estava pressionado porque há entrada de animais de pasto, e as notícias recentes vêm intensificar esse quadro. No caso da carne suína, ainda não houve mudança nos preços e representantes do setor avaliam que a redução sazonal das exportações e a demanda interna aquecida por conta das festas de fim de ano possam ajudar a sustentar as cotações, mesmo que haja embargos a Santa Catarina. Segundo o Instituto de Planejamento e Economia Agrícola de Santa Catarina (Icepa/Epagri), o suíno vivo está estável há um mês em R$ 1,90 por quilo. Levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea /USP) também aponta preços estáveis em Santa Catarina e alta de 4,3% no Paraná nesta semana em relação à semana passada, para R$ 2,04 por quilo. Losivânio de Lorenzi, vice-presidente da Associação Catarinense dos Criadores de Suínos (ACCS), não prevê mudanças nos preços internos, mesmo se houver novas restrições, tendo em vista que a maioria dos embargos já incluía o Paraná, e a Rússia (destino de 65% dos embarques) já encerrou as importações neste mês devido ao inverno rigoroso. Mário Lanznaster, vice-presidente da Coopercentral Aurora, disse que os preços do suíno podem sofrer uma forte queda se houver embargo à Santa Catarina. Para ele, o mercado interno não conseguiria absorver o volume de carne suína que deixaria de ser exportado.(AAR e CB)