Título: Aplicações na Avestruz Master continuam retidas
Autor: Danilo Fariello
Fonte: Valor Econômico, 08/11/2005, EU &, p. D2

Justiça

Os milhares de investidores em Cédulas de Produto Rural (CPR) da Avestruz Master permanecem sem acesso às aplicações na criação das aves que, segundo estimativas de técnicos envolvidos, rondam um total de R$ 1 bilhão. Ontem, de acordo com a assessoria de imprensa da empresa, as filiais, que fecharam na sexta-feira, abriram para esclarecer dúvidas dos aplicadores, mas nenhum pagamento foi efetuado e as contas da Master continuam bloqueadas pela Justiça. Jérson Maciel da Silva Júnior - sócio e filho do presidente da empresa, Jérson Maciel da Silva - compareceu ontem com seus advogados a uma reunião convocada pela Procuradoria Geral de Goiânia, onde está a sede da empresa. Segundo a assessoria de imprensa da Procuradoria, Silva Júnior solicitou um prazo até sexta-feira para fornecer todos os números sobre a empresa. A Master alega que, por conta de problemas no sistema de informática, ainda não conseguiu esses dados. Silva Júnior teria informado à Procuradoria que seu pai encontra-se com problemas graves de saúde, por isso não teria comparecido à convocação, mas que estaria ainda em Goiás. Apesar do prazo, o Ministério Público ainda pode tomar medidas legais contra a Master antes de sexta-feira. Hoje, a família de Maciel tem de apresentar ao Procon de Goiás garantias aos investidores por escrito, segundo notificação enviada à empresa ontem, diz o superintendente do órgão, Antonio Carlos de Lima. Segundo a Procuradoria de Goiás, Silva Júnior autorizará a fiscalização do Procon em suas fazendas para que se confirme o número de aves. "O problema é que, mesmo cumprindo a promessa e existindo as aves, a empresa estaria dentro da lei se entregasse os animais aos investidores ou fizesse proposta de recompra dos animais pelo valor de mercado", diz Lima. A Avestruz Master sempre recomprou cada avestruz de seus investidores pelo Abatedouro Struthio Gold, coligado da empresa, por um valor bem acima do mercado. Porém, a empresa negava a garantia de recompra em seus contratos. Isso abre a brecha legal para que ela não compre os animais ou pague pouco por eles. Segundo Lima, o Procon estadual de Goiânia estava abarrotado de investidores na manhã de ontem. Famílias, algumas com aplicações de até R$ 1,5 milhão, procuraram o órgão. Na tarde, quando a Master abriu para tirar dúvidas, o movimento diminuiu. O superintendente do Procon conta que a empresa criadora de avestruzes chegou a pagar rendimento mensal acima de 14% ao mês no ano passado e que, ao longo dos últimos meses, o ganho caiu para a casa dos 10% ao mês.