Título: Exportador teme greve de fiscais agropecuários
Autor: Conrado Loiola, Paulo Emílio e Sérgio Bueno
Fonte: Valor Econômico, 08/11/2005, Agronegócios, p. B12

Trabalho

Os fiscais federais agropecuários entraram ontem em greve com adesão quase total, segundo a Anffa, associação nacional que os representa. Wilson Roberto de Sá, vice-presidente da entidade, lembrou que o objetivo da paralisação é conseguir que o governo federal realoque recursos para "fortalecer as atividades do setor e recuperar a credibilidade dos profissionais", abalada pelo ressurgimento da febre aftosa no Mato Grosso do Sul. Os grevistas suspenderam certificações de cargas de origem vegetal e animal, exceto aquelas essenciais ao abastecimento. Produtos como leite seguem sendo inspecionados, prosseguiu a fiscalização de zoonoses (como aftosa e gripe aviária) e fiscais de fronteiras e aeroportos trabalharam. Nos portos, produtos de origem vegetal ou animal não podem ser exportados nem importados sem certificação. Ontem, em Itajaí (SC), a movimentação foi pouco afetada, conforme Éder Cassiano Mori, diretor de logística do porto. Segundo ele, há fluxo de cargas liberadas antes da greve. Segundo o fiscal Bruno Teixeira, Itajaí deixará de certificar, por dia, 150 contêineres de carne, o principal produto do porto. Fruticultores nordestinos do vale do submédio São Francisco, por sua vez, estão apreensivos. Segundo Alberto Galvão, superintendente da Valexport (que reúne produtores e exportadores da região), já havia 150 contêineres de uva e 100 de manga parados nos portos. "Os prejuízos podem alcançar US$ 9 milhões apenas com estas cargas". Os sindicatos das indústrias de carne suína, bovina, aves e leite do Rio Grande do Sul decidiram ingressar com um mandado de segurança pedindo que a Justiça Federal em Porto Alegre declare ilegal a greve. As entidades também querem que os veterinários das empresas possam emitir os certificados de sanidade para não interromper a venda dos produtos. Rogério Kerber, diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Estado, disse que o setor pedirá autorização para que fiscais estaduais substituam temporariamente os federais. Segundo Kerber, as perdas nas cadeias gaúchas de carne e leite podem chegar a R$ 40 milhões por dia.