Título: Lavadoras e tanquinhos disputam público classe C
Autor: Natalia Gómez
Fonte: Valor Econômico, 17/10/2005, Empresas &, p. B8

Eletrodomésticos Diferença de preço entre os dois tipos está encolhendo

Enquanto os fabricantes de lavadoras de roupas automáticas lançam produtos mais baratos para conquistar o público C, as empresas do setor de semi-automáticas - conhecidas como "tanquinhos" - investem na sofisticação para conquistar a mesma fatia do mercado. Com isso, a diferença de preço entre os dois tipos de máquinas de lavar está encolhendo. Hoje, é possível encontrar lavadoras automáticas por R$ 800 e tanquinhos a quase R$ 500. Sem deixar de investir nas classes A e B, que sempre foram o seu público principal, a Electrolux está de olho na grande parcela da população que ainda não tem uma máquina automática. Segundo dados do IBGE, esse grupo representa 66,5% da população. Pensando em conquistar esse público, a fabricante lançou há dois meses uma máquina com capacidade para cinco quilos de roupas, que custa entre R$ 800 e R$ 850. O gerente de produto, Rafael Bonjorno, explica que, nos últimos cinco anos, a empresa se concentrou em máquinas de alta capacidade (8 e 9 quilos), que não existiam até meados dos anos 90. "A alta capacidade tornou-se a aspiração de quem já tinha uma lavadora automática", diz. Após perder mercado no Brasil nos últimos anos, a BSH Continental, especializada em máquinas automáticas "front load", em que as roupas são colocadas na lavadora pela parte frontal, está revendo sua estratégia no país. Como seus produtos são em média 10% mais caros do que a tradicional máquina com abertura superior ("top load"), a empresa estuda entrar nesse setor nos próximos anos. Para isso, buscará parcerias para desenvolver a tecnologia que também será usada para crescer em outros mercados emergentes além do Brasil. A empresa vende produtos com as marcas Bosch e Continental no país, que corresponde a 35% das vendas da fabricante na América Latina. "Por não oferecermos produtos mais acessíveis, vimos nossa fatia passar de 9% para 4%", diz Eduardo Oliveira, gerente de marketing. No ano passado, as vendas de lavadoras automáticas cresceram 34% (1,5 milhão de máquinas), o maior avanço desde meados dos anos 90. Nos três anos anteriores, o setor acumulou uma queda de 6%. Oliveira explica que foi justamente a agressividade dos fabricantes que impulsionou o mercado no ano passado. Para 2005, a previsão é crescer 10% a 12%. Com maior penetração em todo o país, os tanquinhos têm apresentado um crescimento de 3% a 4 % ao ano desde o começo da década. Isso representa 2 milhões de tanquinhos vendidos ao ano, de acordo com a Arno. Para alavancar as vendas, a opção da empresa foi investir em uma linha mais sofisticada, com controle de tempo, entrada automática de água e capacidade de até 5 quilos de roupas. Os investimentos começaram há quatro anos e os preços passaram de R$ 300 para quase R$ 500 nesses produtos, que hoje correspondem a 40% dos negócios de lavadoras da Arno. "Nossos produtos se aproximaram das máquinas de lavar automáticas mais básicas", diz Adriano Toledo, gerente de produto. A fabricante paulista Latina, de São Carlos, já nasceu com um projeto de produzir uma linha de semi-automáticas com mais funções e preços maiores, em 1994. Hoje esses produtos ficam com 30% das vendas da empresa, segundo o diretor de operações e tecnologia, José Paulo Coli. "O mercado está migrando neste sentido", diz.