Título: ADR de empresas do país cresce 38%
Autor: Altamiro Silva Júnior
Fonte: Valor Econômico, 04/11/2004, Finanças, p. C-1

Os investidores internacionais voltaram a negociar American Depositary Receipts (ADRs) das empresas brasileiras. O volume de negócios com os papéis em outubro ficou em US$ 5,5 bilhões, o mais alto desde maio e 38% acima do total do mesmo mês do ano passado, segundo dados da Economatica. As ações de bancos foram os destaques de alta no mês recém-terminado. O papel do Bradesco subiu 15,5% e o do Itaú e o do Unibanco avançaram 9%, de acordo com o Bank of New York e o Valor Data. Segundo analistas, dois fatores ajudaram: perspectivas de lucros elevados para o setor bancário e a alta da Selic, que, se é ruim para os clientes, é boa para a tesouraria dos bancos. Nos dias 10 e 11 o Itaú e o Unibanco divulgam seus números do terceiro trimestre. O Bradesco divulgou os resultados no dia 28: o lucro foi de R$ 752 milhões. "O resultado veio bom e acima do esperado", destaca o analista da Fator Corretora, Paschoal Paione, em um relatório sobre o banco.

A alta dos ADRs do setor bancário ficou bem acima da valorização média dos papéis brasileiros negociados em Wall Street, de 1,26% (abaixo da média da América Latina, de 2,85%). Entre os ADRs do Brasil, a maioria caiu em outubro. Um dos piores desempenhos ficou com o papel da Tele Leste Celular Participações, que cedeu 25%. Apesar da melhora em outubro, o volume negociado pelos ADRs brasileiros ainda está longe dos US$ 7 bilhões negociados em janeiro, um dos melhores meses dos últimos anos. Agosto foi o pior mês do ano, com volume de US$ 4,3 bilhões. No acumulado do ano, a alta de alguns papéis supera os 100%, caso das ações da Perdigão, com alta de 150%. Este ano, duas novas empresas listaram suas ações na Bolsa de Nova York: a Gol, em junho, e a CPFL Energia, em setembro. O volume de negócios dos papéis da Gol chegou à casa dos US$ 170 milhões em junho, mas não conseguiu manter o ritmo, caindo para apenas US$ 37 milhões em agosto; em outubro, houve uma recuperação e o giro ficou em US$ 63 milhões. O ADR da companhia aérea subiu 1,77% no período. Já a CPFL negociou US$ 71,4 milhões em setembro e US$ 43 milhões em outubro. Para o administrador de investimentos, Fabio Colombo, o aumento do preço do petróleo foi o que mais afetou o mercado acionário em Wall Street e as bolsas mundiais. Colombo avalia que a preocupação com uma possível redução do crescimento econômico mundial, pressões inflacionárias e altas de juros trouxeram grande volatilidade para as bolsas.