Título: O processo criminal
Autor: Josette Goulart
Fonte: Valor Econômico, 29/08/2005, Finanças, p. C8

O juiz Fausto Martins de Sanctis, da 6ª Vara da Justiça Federal, ouviu na semana passada os ex-dirigentes do Banco Santos que são acusados de gestão fraudulenta de instituição financeira, evasão de divisas, lavagem de valores, fraude contábil, entre outras. O processo já tem cerca de 3.500 páginas e a próxima etapa dos interrogatórios está marcada para novembro, quando serão ouvidas as testemunhas de acusação. O procurador Silvio Luís Martins de Oliveira, do Ministério Público Federal, foi quem fez as denúncias contra a má administração do Banco Santos, tendo como base suas próprias investigações e também informações obtidas com o Banco Central. Segundo consta da denúncia, uma série de irregularidades foi detectada na administração do banco. A acusação diz que houve uma liquidação de crédito com recursos de origem desconhecida no total de R$ 50 milhões. O BC teria determinado o provisionamento integral desses créditos, quando foram liquidados com recursos de empresas off shore. Há ainda os créditos concedidos a quatro empresas, ligadas ao Bank of Europe, conhecidas como gregas, no total de R$ 283 milhões. Os empréstimos foram registrados na central de risco do Banco Central com CNPJ de outras empresas, com baixo risco de crédito. Segundo alguns diretores houve uma falha no sistema, por isso, o registro foi alterado. Mas o BC acredita em uma fraude. Além disso, o BC acredita que houve irregularidades na marcação a mercado de operações com opções flexíveis, que teria gerado um ganho fictício ao banco. A ligação da instituição com as inúmeras empresas não-financeiras do grupo Procid-Invest, também é questionada, principalmente, nos casos das operações casadas em que o banco é acusado de exigir reciprocidade de seus clientes, que tomavam crédito sob a condição de compra de debêntures das não-financeiras.