Título: BC se defende na Câmara e nega demora para intervir no Santos
Autor: Alex Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 23/06/2005, Finanças, p. C2

O diretor de Fiscalização do Banco Central, Paulo Sérgio Cavalheiro, negou ontem em audiência na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados que tenha havido demora na intervenção no Banco Santos, decretada em 2004. "Não havia os pressupostos para a intervenção", sustentou Cavalheiro. "Somente quando se caracteriza deficiência de patrimônio líquido ou falta de liquidez que podemos intervir." A comissão apura prejuízos sofridos por agricultores que mantinham investimentos nos fundos do Banco da Amazônia, geridos pela Santos Asset Management. A deputada Kátia Abreu (PFL-TO) perguntou porque o BC não interveio na instituição já em 2001, quando fez os dirigentes do Santos assinarem um termo de comparecimento que apontava problemas. "Ou os instrumentos à disposição do BC são ineficazes ou houve incompetência", criticou. Cavalheiro alegou que os termos de comparecimento existem justamente para o BC apontar problemas da instituição financeira que devem ser corrigidos. "Como em todas as vezes em que apontamos problemas eles corrigiram, não havia porque intervir", disse Cavalheiro. "A única vez que eles não cumpriram as determinações de um termo de comparecimento foi em outubro de 2004, e esse fato provocou a decretação da liquidação." O diretor de Fiscalização do BC disse que, até então, não havia indícios de que a instituição estivesse quebrada e não havia motivos para que o órgão fiscalizador determinasse a republicação dos balanços do banco. Ele reconheceu que, mais tarde, foram apontadas fraudes. Uma delas eram as operações de reciprocidade, em que o Santos exigia que recursos emprestados a clientes voltassem ao banco sob a forma de depósitos ou investimentos. "O BC trabalha com as informações disponíveis", disse. "Na época, os fiscais examinaram os registros disponíveis sobre essas operações, e os auditores checaram as operações com as empresas que tomaram empréstimos", disse. Segundo ele, ninguém reclamou - nem mesmo aquelas empresas que agora estão contestando os débitos na Justiça. "Nem a Scotland Yard seria capaz de identificar essas fraudes", disse Cavalheiro, fazendo referência à polícia federal britânica.