Título: Aécio defende aproximação entre PSDB e PT
Autor: Cristiane Agostine
Fonte: Valor Econômico, 14/06/2005, Política, p. A9

Crise "O PSDB estará sempre com as mãos estendidas para que o Brasil não se transforme numa delegacia de polícia"

Com um discurso conciliador, o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), sinalizou uma aproximação dos tucanos ao PT e disse que seu partido está "estendendo as mãos" ao governo. Apesar de fazer ressalvas à conciliação imediata entre as duas legendas, o governador acredita na construção de planos em comum a partir de 2006. Ao contrário do PFL, o PSDB assumiu uma postura ponderada em relação às acusações feitas ao governo. "O PSDB estará sempre com a mão estendida para que, ao mesmo tempo que seja oposição, não deixe que o Brasil se transforme em uma grande delegacia de polícia", disse Aécio, ontem. "Sempre achei que nossas histórias têm posições próximas em várias questões. Não sei se falar em reaproximação no ambiente político atual soa como algo circunstancial. Mas sempre defendi uma conversa de alto nível entre PT e PSDB. Isso pode acontecer agora e é importante que ocorra após 2006". Presente a um almoço com empresários, na ADVB, em São Paulo, o governador poupou o PT de ataques diretos e analisou o cenário pós- eleitoral como "um ambiente saudável" para construção de "um projeto de país" com participação do PT e PSDB. "Vamos trabalhar para que o ambiente não se degrade a ponto das conversas não terem mais condições de existir." Aécio destacou a postura defensiva do governo Lula e reiterou a disposição do PSDB em auxiliar o Planalto. "Eles têm que deixar de lado essa história de dizer 'eles também não fizeram', para justificar o que não fazem agora. Devemos somar nossas experiências e construir um clima de harmonia para votação." O tucano fez "mea culpa" em relação à reforma política, propagandeada como uma das possíveis soluções para a crise, mas não aprovada durante os anos FHC. "Como governo, o PSDB perdeu também a oportunidade de fazer a reforma política", lembrou. "Caímos na mesma armadilha, sofremos a mesma pressão de partidos aliados. Quem sabe agora, mesmo na crise, não seja o momento de enfrentarmos juntos essa pressão." O presidenciável considera que o PT "não estava tão preparado para o governo federal como pensava" e criticou a sigla pela interferência feita no Planalto. "O PT foi com muita sede ao pote e criou dificuldades para Lula na busca por cargos em todos os escalões." Segundo Aécio, Lula "tem vantagem em relação a FHC, porque tem como oposição o PSDB e não o PT", mas fez a ressalva que o PT muitas vezes atua na oposição.