Título: Eletros cobra mais ação do governo na negociação com a Argentina
Autor: Raquel Landim
Fonte: Valor Econômico, 20/10/2004, Brasil, p. A-5

Os fabricantes brasileiros de eletroeletrônicos estão cobrando maior envolvimento do governo brasileiro nas negociações com a Argentina. "Estamos nos sentindo em desvantagem", disse Paulo Saab, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros). Os setores privados dos dois países estão negociando desde meados do ano por intermédio da comissão de monitoramento do Mercosul. Alegando uma invasão de produtos brasileiros, a Argentina impôs cotas para importações de fogões e geladeiras, licenças não-automáticas para lava-roupas e uma salvaguarda de 21,5% para televisores. Em nota divulgada ontem, a Eletros informou que aceitou cota para exportação de 18 mil unidades de geladeiras em outubro. Para agosto e setembro, a cota foi de 42,37 mil unidades. Saab reclamou que os argentinos estão rompendo unilateralmente o acordo fechado entre os dois países ao autorizar importações de Chile, México, Tailândia, Coréia e Estados Unidos. Conforme noticiou o Valor, os fabricantes mexicanos e chilenos de geladeiras estão ganhando espaço no mercado argentino antes ocupado pelos brasileiros. Saab afirmou também que cerca de 12 mil lava-roupas estão paradas nas fronteiras com a Argentina pela exigência de licenças não-automáticas. Esse atraso gera gastos adicionais para a indústria brasileira. Segundo a Eletros, algumas de suas filiadas estão reduzindo a produção e demitindo funcionários que atuam nas linhas de produção de lava-roupas destinadas à Argentina. A entidade, porém, não informa quais são as empresas ou divulga o valor das perdas. Apesar da inflexibilidade dos argentinos, a Eletros conseguiu acertar a ampliação da cota imposta para fogões de 90 mil para 94,5 mil unidades em 2004. Em televisores, a indústria brasileira ainda busca uma solução para as salvaguardas aplicadas pela Argentina. Segundo Saab, os produtores argentinos, protegidos pela alíquota de 21,5%, se recusam a negociar enquanto o governo do país estuda o processo de salvaguarda.