Título: Falta mão-de-obra para a expansão
Autor: Cynthia Malta
Fonte: Valor Econômico, 14/03/2005, Empresas &, p. B4

Os negócios das irmãs paulinas, pertencentes à Congregação Filhas de São Paulo, poderiam estar crescendo mais rapidamente. Mas falta mão-de-obra". O plano da irmã Flávia Reginatto, que há 30 anos trabalha no grupo e há três dirige a Paulinas Editora, é ampliar a rede de 27 livrarias próprias do grupo, a uma velocidade de uma por ano. Hoje, a rede espalha-se de Manaus a Porto Alegre. Mas para cada livraria nova são necessárias de três a quatro irmãs. "Falta gente", diz a irmã. O processo de recrutamento e formação das freiras é longo e minucioso. E a decisão de tornar-se uma freira não é algo fácil de ser feito. Exige a renúncia ao casamento, o compromisso com o voto de pobreza e uma vida de estudo e trabalho em obras sociais. As irmãs paulinas não recebem salário nem recursos da sede da congregação, em Roma. O grupo deve ser auto-suficiente e ainda enviar verba para a sede, que comanda 2,5 mil irmãs em 52 países. Essa filosofia foi elaborada pelo padre Tiago Alberione, fundador da congregação em 1915 na Itália. Uma parte da receita dos negócios é distribuída aos 25 conventos no país, que abrigam 235 irmãs. A administração do convento usa o dinheiro para comprar comida, e fazer a limpeza e reformas no prédio. "E nós também não precisamos comprar roupa e sapato todo mês", diz a irmã Maura Feix, que dirige a Paulinas Multimídia. Em São Paulo, atualmente, as irmãs paulinas estão acompanhando 350 jovens, que apresentam certa inclinação para a vida religiosa. Atualmente, há 25 jovens passando pelo primeiro estágio, que pode levar de um a dois anos morando no convento. No segundo estágio, de um a dois anos, as irmãs contam com 17 postulantes. No terceiro estágio, também de dois anos, há mais 17. E no último, são 35. Neste, que dura cinco anos, as jovens já decidiram tornar-se freiras. Do total de meninas que interessaram-se pela congregação paulina, cerca de 5% a 7% chegam ao último estágio. Mas se há certa dificuldade em atrair jovens para a vida dentro dos conventos, as irmãs paulinas contam com muitos "colaboradores" fora deles. O grupo emprega, no total, 365 pessoas. Desse total, a editora, área comandada pela irmã Flávia e mais sete irmãs, emprega 67 funcionários e teve um crescimento de 10% em 2004. O sucesso veio, em grande parte, de livros de auto-ajuda - "Tivemos que acompanhar o mercado", explica irmã Flávia - e da venda de bíblias. (CM)