Título: Meirelles prevê a normalização da oferta de crédito
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 03/04/2009, Finanças, p. C3

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse ontem que espera a normalização da oferta de crédito - afetada após a crise financeira global - através das novas medidas tomadas pelo governo para ampliar a liquidez, como o leilão de dólares sem direcionamento específico e o seguro de crédito para bancos pequenos. "Medidas importantes foram tomadas e começam a fazer efeito, mas estão ainda em uma fase inicial. A medida mais importante foi o seguro de crédito, que será algo que beneficiará principalmente as instituições pequenas e médias e consequentemente os tomadores de empréstimo pequenos e médios, que é basicamente a parcela mais atingida pela crise", disse Meirelles após participar de seminário sobre regulação financeira em São Paulo.

Meirelles ainda informou que o primeiro leilão de dólares sem direcionamento - os feitos até então tinham que ser obrigatoriamente usados para o financiamento às exportações - deve ocorrer hoje.

" O crédito ainda não se encontra totalmente normalizado, porque faltava ainda essa parte importante, que eram os bancos pequenos e médios e linhas internacionais para empresas que tomam crédito no exterior. Com a entrada em vigor dessas medidas, vamos aguardar, mas se espera uma normalização do crédito."

Sobre o leilão, o presidente do BC disse que o volume emprestado deve superar o dos leilões para financiamento à exportação. "Vamos atender a demanda que é necessária. Já fizemos até US$ 20 bilhões [para exportações], sendo que US$ 8 bi já foram devolvidos. Podemos estimar que o volume este ano [para o leilão sem direcionamento] será superior a esse."

Meirelles ainda informou que ainda não há uma conclusão sobre a possibilidade de ser alterada a forma de cálculo da rentabilidade da poupança, uma vez que está próximo da rentabilidade dos títulos públicos. "Estamos estudando juntamente a outros órgãos do governo e com legisladores para termos uma solução que atenda os interesses do país e ao mesmo tempo dos poupadores, mas ainda não há uma solução pronta", explicou.

Segundo o presidente do BC, o grupo dos G-20 poderá se tornar o grande fórum mundial de cooperação. Conforme Meirelles, o encontro dos chefes de Estado que ocorreu ontem em Londres "marca uma nova definição do poder mundial". Meirelles explica que a reunião dos 20 países é um avanço, pois insere os países subdesenvolvidos nas grandes discussões econômicas globais. "Hoje não se pode mais pensar em discussões macroeconômicas sem a presença da China", disse.

Também presente no seminário sobre regulação financeira, Maria Helena Santana, presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), disse que Brasil é um exemplo no que se refere à regulação. "Temos um ambiente regulatório de qualidade bastante satisfatória", afirmou ela, acrescentando que, na década de 90, quando os países desenvolvidos marcavam uma tendência para a desregulamentação, preconizando maior liberdade do mercado, o Brasil tentava conquistar a confiança externa. "Nós criamos defesas e, agora, nos saímos bem".

(Com Agência Folha)