Título: BC reduz para 1,2% estimativa de alta do PIB
Autor: Ribeiro, Alex
Fonte: Valor Econômico, 31/03/2009, Brasil, p. A3

O Banco Central projeta em seu relatório de inflação expansão de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2009, abaixo dos 3,2% previstos em documento semelhante divulgado em dezembro, mas acima do crescimento zero esperado pelos analistas econômicos. A autoridade monetária diz que a projeção toma como pressuposto avanço de 2,5% na massa salarial.

Pelas projeções do Banco Central, o consumo das famílias cresceria 1,6% em 2009, com contribuição de um ponto percentual no PIB deste ano, graças ao aumento da massa salarial. Em dezembro, o BC projetava um avanço de 3,9% no consumo das famílias. O aumento do emprego contribuiria, nas contas da autoridade monetária, com 0,5% do aumento da massa salarial. Os 2% restantes vêm do aumento da renda real.

Num conceito mas amplo, que inclui benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), seguro-desemprego e funcionalismo público, a massa salarial sobe 3,5%.

Nas projeções, o BC contempla um aumento do desemprego, que passaria da média de 7,9% , de 2008, para 8,8% em 2009. Mas, mesmo com o aumento da taxa de desocupação, o número de empregados aumentaria. A renda real, nos cálculos do BC, irá se expandir graças ao recuo da inflação em 2009. O diretor de política econômica do BC, Mário Mesquita, explicou que a autoridade monetária assume a premissa de quem nem todo o aumento de renda vai para o consumo. "As pessoas poupam um pouco também", afirma.

O BC projeta crescimento de 0,7% nos investimentos, com contribuição de 0,1 ponto no PIB de 2009. "Na medida em que a economia se recupera, não será surpresa se tivermos mais investimentos no fim do ano", disse Mesquita. Ele diz que a baixa de juros deverá provocar alguma reação no mercado de capitais.

Os gastos do governo cresceriam 2,4%, acima dos 2,2% previstos em dezembro, com impacto de 0,5 ponto. Haveria recuo de 6,6% nas exportações e 6,4% nas importações, com efeito líquido de menos 0,1 ponto.

Do ponto de vista a oferta, o Banco Central projeta recuo de 0,1% na agricultura em 2009, ante avanço de 2,2% projetado em dezembro. A indústria de transformação recuará 1,6%, e a industria em geral ficará praticamente estável (expansão de 0,1%), em virtude do crescimento de 2,4% na industria extrativa, e de 2,7% na construção civil e produção e distribuição de eletricidade e gás. Em dezembro, o BC projetava expansão de 3,1% na indústria de transformação e de 3,4% na indústria em geral. A expansão dos serviços foi revista de 3,1% para 1,7% entre os relatórios de inflação de dezembro e de março.