Título: Reunião diária em grupo de apoio ajuda na recuperação
Autor: Uribe, Gustavo
Fonte: O Globo, 27/01/2013, País, p. 8

Internado quatro vezes, ex-nadador ainda sofre com recaídas

SÃO PAULO Em busca da atenção das meninas de sua idade, X. experimentou maconha, dada por amigos, pela primeira vez aos 14 anos. Aos 20 anos, após ser expulso da Seleção Brasileira de Beisebol, passou a consumir crack e virou dependente da droga. Para financiar o vício, roubou dinheiro e joias da mãe. As ausências no emprego, como atendente no Aeroporto de Guarulhos, levaram à sua demissão. Com o dinheiro da rescisão, viveu três dias na cracolândia, no Centro de São Paulo.

- Eu virei mendigo e comia comida do lixo - conta.

A experiência traumatizante não tirou o jovem da dependência química. Para conseguir a droga, X. virou "aviãozinho" do tráfico. Acabou preso na companhia de um amigo, que dirigia um carro roubado. Sua mãe teve de vender um automóvel zero para tirá-lo da cadeia. Todo este sofrimento levou-o a optar pela internação voluntária.

- Eu fiquei nove meses em processo de reabilitação. Depois disso, fiquei cinco anos sem drogas - lembra.

A recaída veio aos 28 anos, quando o jovem decidiu fumar maconha. A passagem para o crack ocorreu em pouco mais de uma semana. Nessa época, ele chegou a tentar vender o carro na boca de fumo. Em desespero, a mãe decidiu interná-lo involuntariamente.

- Fiquei nove meses internado e, desde então, faço trabalho de acompanhamento. Não consumo drogas há quase dois anos - diz ele, que só conseguiu evitar as drogas após tratamento médico e participação em grupos de ajuda, onde frequenta reuniões diárias para troca de experiências com outros dependentes.

Submetido a uma dieta de atleta, o administrador Y. não tomava refrigerante nem abusava de doces na adolescência, quando participava de torneios de natação. Aos 19 anos, na faculdade, experimentou maconha. Em festas, descobriu a cocaína e, depois, o crack, quando começou a passar os finais de semana fora e a sofrer surtos psicóticos.

- O guarda-noturno passava e ele achava que era a polícia - conta a mãe.

O vício foi descoberto na metalúrgica onde trabalhava e a empresa ofereceu ajuda para o pagamento de uma clínica. Após um mês internado, voltou para casa e teve uma recaída . Ele passou por mais duas internações voluntárias, mas não se livrou do crack.

Sua mãe tomou uma decisão extrema e levou o filho à força para uma clínica. Y. tentou fugir, mas foi contido:

- Ele ficou quatro meses no local, mas, quando saiu, voltou para o vício de novo.