Título: Absolvido no mensalão, Duda Mendonça tenta desbloquear bens
Autor: Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 09/01/2013, País, p. 6

Decisão de reter patrimônio foi tomada por Joaquim Barbosa em 2006

Absolvidos no julgamento do mensalão, o publicitário Duda Mendonça e sua ex-sócia Zilmar Pimentel entraram anteontem, no Supremo Tribunal Federal, com um pedido de desbloqueio de seus bens. O bloqueio foi uma decisão do relator do caso, Joaquim Barbosa, em junho de 2006, após pedido do Ministério Público Federal. Na época, a Procuradoria calculou que Duda devia cerca de R$ 30 milhões ao Fisco e, por isso, pediu o bloqueio de seus bens. A defesa do publicitário, ao tentar o desbloqueio, em abril de 2008, argumentou que essa dívida era bem menor, de R$ 7 milhões.

A decisão do bloqueio foi monocrática, tomada apenas pelo ministro Joaquim Barbosa. Ontem, o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, que defende Duda e Zilmar, afirmou que protocolou uma petição simples, e que o desbloqueio dos bens dos dois é uma consequência natural da absolvição.

Duda e Zilmar foram acusados pelo Ministério Público de cometer os crimes de evasão de divisas e lavagem de dinheiro no mensalão.

Almeida Castro afirmou estar otimista de que Joaquim Barbosa, que é o ministro de plantão neste recesso do Judiciário, decida a favor de seus clientes. O relator do mensalão pode decidir a qualquer momento sobre o pedido, antes mesmo da volta dos trabalhos do STF. Há imóveis e contas bloqueados, mas o advogado não soube precisar o valor dos bens de seus clientes em poder da Justiça.

Agências em Portugal e na Polônia

O advogado disse ainda que Duda passou dificuldades financeiras e que "teve que se reinventar" para sobreviver:

- Depois desse bloqueio, Duda teve que se reinventar. Com a repercussão da ação (mensalão), ele teve dificuldade de trabalho no Brasil e foi para o exterior, onde atuou e montou agências em Portugal e na Polônia. Até prêmio de publicitário do ano ganhou nesses países.

Com o bloqueio, Duda e Zilmar estão proibidos de mexer nos seus bens, não podem vender imóveis ou movimentar suas contas bancárias. Em 2008, os advogados de Duda e Zilmar tentaram suspender o bloqueio e substituí-lo por carta-fiança, o que foi negado por Barbosa.