Título: ANP vê grande potencial para gás
Autor: Ordoñez, Ramona
Fonte: O Globo, 18/12/2012, Economia, p. 24

A discussão no Congresso sobre os royalties pode inviabilizar a 11ª rodada do pós-sal e a primeira do pré-sal para 2013?

As questões da distribuição futura e da alíquota já estão acertadas. O que está se discutindo agora é o passado(contratos em vigor). Então eu acredito que aquela possibilidade de questionamento da 11ª rodada não existe mais. Acredito que a discussão atual no Congresso não atrapalhará, porque tanto a alíquota quanto a distribuição futura estão relativamente pacificadas. Mas precisa ter a lei.

Espera-se que a lei seja sancionada?

Acredito que o futuro, sobre alíquota e distribuição, será sancionado. A discussão se tem veto ou não, como será a distribuição, é sobre os contratos em vigor, isso não atrapalha a rodada.

A ANP já está preparando o leilão do pré-sal?

Estamos fazendo a minuta do contrato de partilha para submeter ao Ministério de Minas e Energia. Já estamos estudando áreas para sugerir ao CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) para licitar. O campo de Libra (Bacia de Santos)continua sendo uma coisa maravilhosa e ímpar no mundo, para ser licitado.

Qual vai ser o foco da 11ª rodada?

O foco é a margem equatorial, do Rio Grande do Norte ao Pará. Mas a definição dos blocos só quando o CNPE apresentar à presidente Dilma Rousseff, e ela referendar.

Qual é a estimativa de arrecadação com bônus?

É muito difícil prever isso. Quando lançarmos o edital de licitação, começaremos a ter ideia, mas posso dizer que o interesse é imenso, devido à similaridade com a costa africana e pelo tempo sem leilões, desde 2008. E o interesse no pré-sal será multiplicado ao cubo.

A intensa atividade exploratória no exterior pode reduzir o interesse no Brasil?

Só faltam recursos para áreas ruins. Para áreas boas nunca faltam recursos. A margem equatorial tem descobertas da Petrobras no Ceará, da Repsol com a Total na Guiana, e toda a similaridade geológica com a África que está acontecendo. Acho que vem todo mundo, e vem forte.

A oferta no pré-sal será em blocos?

Ainda não está definido. Mas eu gostaria de, em vez de blocos quadradinhos, delimitar a oportunidade que a gente enxerga numa área só.

Não pode ter mais atrasos nos leilões...

Em 2016 terminam os atuais contratos de concessão para exploração. E uma coisa que me preocupa são os pequenos produtores, que têm prazos exploratórios menores, e este vai acabando.

Vai ter áreas para os pequenos na 11ª rodada?

Sim, será em bacias maduras (Espírito Santo, Recôncavo, Sergipe/Alagoas e Potiguar), todas em terra já conhecidas, mas ainda com potencial, boas para pequenas empresas.

Que áreas a ANP pretende ofertar na 12ª rodada?

Eu gostaria de propor para a 12ª rodada áreas com aptidão para gás natural em terra. Poderia reforçar essa busca. Porque hoje só temos 4,5% da área sedimentar sob contrato, ou seja, 95% estão fora do jogo, e essas bacias sedimentares terrestres ão muito grandes.

As bacias terrestres têm potencial para gás?

Sim, as perspectivas são de mais gás. Estou torcendo que essas bacias grandes como Parecis (MT), Parnaíba (MA), do São Francisco (MG) e do Paraná mostrem aptidão para o gás natural. Se descobrirmos uma bacia grande dessas no interior do Brasil, fará uma grande diferença.

Uma grande descoberta poderá reduzir os preços do gás natural no país?

Se houver uma descoberta e aumentar significativamente a produção de gás, já se consegue reduzir o preço, que hoje é alto no Brasil. Nosso gás custa de US$ 10 a US$ 12 por milhão de BTU (medida internacional do gás). Quando é importado como GNL (gás natural liquefeito), chega a US$ 16 por milhão de BTU. Especula-se que o preço poderá cair à metade.

Como você definiria seu primeiro ano à frente da ANP?

Foi um ano de aperfeiçoamento da gestão. Estamos preparando a contratação do primeiro planejamento estratégico da ANP. O próximo ano será de busca da eficácia e aperfeiçoamento de procedimentos internos.

Qual será o foco das atividades em 2013?

Será intensificar a fiscalização, tanto nas plataformas como na distribuição de combustíveis. Vamos aumentar em R$ 20 milhões os gastos com fiscalização.