Título: Bancário promete entrar em greve em todo o país
Autor: Justus, Paulo
Fonte: O Globo, 18/09/2012, Economia, p. 26

Metalúrgicos do ABC paulista também podem parar hoje. Categorias reivindicam reajustes acima da inflação

Bancários de todo o país e metalúrgicos do ABC paulista prometem entrar hoje em greve, por tempo indeterminado, reivindicando reajustes acima da inflação. Os metalúrgicos, que pedem aumento de 8%, esperam que 46 mil dos 105 mil trabalhadores da base cruzem os braços. Já os bancários, que pedem um ajuste de 10,25%, esperam que o movimento grevista tenha uma adesão semelhante à do ano passado, quando 10 mil dos 18 mil pontos de trabalho paralisaram suas atividades.

Segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), dos 127 sindicatos filiados à Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo de Finanças (Contraf-CUT), 122 aprovaram a greve a partir de hoje, inclusive os do Rio, Niterói e São Paulo. Além do reajuste acima da inflação, a categoria reivindica piso salarial de R$ 2.416,38 e participação sobre lucro de R$ 4.961,25.

- Desde o dia 5 enviamos carta à Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) dizendo que este era o nosso calendário. Como a Fenaban sequer respondeu, foi deflagrada a greve - disse Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT.

A Fenaban informou que, após ter apresentado a contraproposta de reajuste de 6% aos trabalhadores, no início do mês, esperava que estes indicassem quais pontos estavam em desacordo, para que pudessem levar as reivindicações aos bancos.

- Esperávamos que dissessem o que faltava na proposta. Estamos à disposição para continuar negociações para a convenção coletiva que, definitivamente, é a melhor do país - disse o diretor de Negociações Trabalhistas da Fenaban, Magnus Apostólico.

petroleiros querem 10%

Cordeiro diz que os bancos têm condições de oferecer reajustes melhores que o de outros setores. Segundo ele, os executivos dos bancos estão recebendo aumentos da receita distribuída, de até 9,7% no mesmo período, o que indica que as instituições estariam capitalizadas.

- Outros setores tiveram reajustes reais de até 5% neste ano, segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). Por que o setor bancário, que tem os maiores lucros, não pode dar aumentos maiores? - indaga Cordeiro.

Já no ABC paulista, entram hoje em greve metalúrgicos das empresas que ainda não atenderam à principal reivindicação da categoria: aumento de 8%. Isso significa que cerca de 46 mil dos 70 mil trabalhadores da base em campanha salarial devem cruzar os braços. Os 35 mil trabalhadores nas montadoras não participam da campanha neste ano porque, em 2011, fecharam acordo válido por dois anos e que equivale aos 8% reivindicados em 2012.

As negociações dos petroleiros já começaram. Eles pedem reajuste de 10% (real) e regras mais claras na Participação dos Lucros da Petrobras. Mesmo sem ter um acordo ainda, a companhia resolveu antecipar um aumento para a categoria de 5,24% (equivalente à inflação), a ser pago em setembro.

Hoje haverá mais uma negociação entre os trabalhadores e a Petrobras, em que a pauta será a participação nos lucros. E o Conselho Deliberativo da Federação Única dos Petroleiros (FUP, que representa mais de dez sindicatos) se reunirá para avaliar a negociação e os próximos passos da mobilização.

Amanhã, os petroleiros vão realizar mobilização nacional, parte do calendário das campanhas salariais da FUP. Na Bahia, por exemplo, os petroleiros, segundo a entidade, aprovaram paralisação nas principais unidades do Sistema Petrobras no estado. No dia 20, haverá manifestação na Avenida Paulista, reunindo petroleiros, bancários, metalúrgicos, químicos e carteiros.