Título: Ladrões agora arrombam carros no Galeão
Autor: Gustavo Schmitt, Luiz; Braga, Ronaldo
Fonte: O Globo, 17/05/2012, Rio, p. 19

Como se não bastassem os transtornos já conhecidos do Aeroporto Internacional Tom Jobim - como transporte pirata e até assalto à mão armada -, um novo problema ameaça os usuários do lugar: arrombamentos de veículos vêm ocorrendo dentro do estacionamento desde fevereiro. A informação foi confirmada pelo delegado Ricardo Codecera, titular da Delegacia do Aeroporto Internacional do Rio (Dairj), que investiga os crimes. A polícia, no entanto, não informou o total de casos.

O episódio mais recente aconteceu quinta-feira passada, quando a fechadura do porta-malas de um Honda Civic foi arrombada no setor B9 do estacionamento do Terminal 1. O caso foi registrado como "fato a apurar", já que o proprietário do veículo está viajando. O porta-malas foi fechado e só será reaberto quando o proprietário voltar.

Infraero diz que

aumentou a vigilância

O delegado afirma que o alvo dos criminosos que atuam no estacionamento são os pneus sobressalentes dos veículos, principalmente os do Honda Civic.

- Os bandidos furtam os estepes desses carros com facilidade. Eles utilizam uma técnica para impedir o disparo do alarme. Além disso, tem sido comum os criminosos furtarem frentes de rádios e equipamentos eletrônicos deixados no interior dos veículos, como celulares e notebooks - conta o delegado.

O estacionamento no aeroporto é operado pela empresa VS parking, que é responsável pela segurança dos veículos. A empresa, no entanto, preferiu não comentar o assunto.

A VS parking cobra R$ 6 para um veículo parar no estacionamento num período de dez minutos até uma hora. De uma até duas horas, a tarifa custa R$ 8; de duas a três, sobe para R$ 9; de três para quatro, sai por R$ 12. O valor da diária é de R$ 50.

A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) admite saber dos arrombamentos no estacionamento. E, na tentativa de coibir os casos, informa que aumentou a frequência das rondas feitas no local. Antes, elas aconteciam a cada 30 minutos; agora, ocorrem de 15 em 15 minutos. A vigilância é somente patrimonial e não tem poder de polícia.

A Infraero também diz que aumentará o número de câmeras que monitoram o estacionamento dos terminais 1 e 2. No entanto, não soube informar quando será publicada no Diário Oficial da União a licitação para a compra dos equipamentos.

Além de serem obrigados a conviver com arrombamentos de veículos, os passageiros que frequentam o Aeroporto Internacional Tom Jobim têm sido vítimas de furtos de bagagem. No dia 18 de abril, os prejudicados foram o casal Mariana Queiroga e Marvio Fernandez, que retornou de Nova York no voo 8079 da TAM. A bagagem chegou à esteira sem os cadeados. Ao abrirem as malas, os dois constataram que todos os produtos eletrônicos comprados nos Estados Unidos haviam sido furtados.

- Fomos roubados ao ponto de tirarem um fone de ouvido da caixa e deixá-la vazia na mala. A grande verdade é que a quantidade de casos de malas roubadas no aeroporto do Rio deve ser muito maior do que podemos imaginar. O pior é que ninguém faz nada. Naquele mesmo voo, eu presenciei outras três vítimas - disse Mariana.

A Polícia federal e o delegado Codecera já têm informações de que funcionários de empresas de aviação, do aeroporto e pessoas de fora estão vendendo a terceiros produtos importados. A investigação, porém, está sendo feita em sigilo.

Codecera diz que enviou ofício a representantes de companhias aéreas para que reforcem a segurança. O assunto foi discutido com as empresas, a Polícia Federal, a Receita Federal e a Infraero, numa reunião na quarta-feira da semana passada.

O delegado diz ainda que fez um levantamento de 22 pontos frágeis no sistema de segurança de bagagens do aeroporto.

- Sugeri às empresas que instalem câmeras no porão das aeronaves. Pedi também que volte a ser feito o controle de bagagem dos passageiros no momento do desembarque. É preciso que algum funcionário confira se o número da mala condiz com o número do tíquete impresso no check-in.

Dona de casa teve produtos furtados da bagagem

Na terça-feira, O GLOBO noticiou o caso da dona de casa Cláudia Ferreira Silva Lavouras, que, ao desembarcar de Miami, nos Estados Unidos, no último dia 10, num voo da TAM, descobriu que suas oito malas haviam se extraviado. Ao receber a bagagem em casa, constatou que vários produtos tinham sido furtados, num prejuízo de cerca de US$ 2 mil (R$ 3.988).

A TAM informou que, em caso de violação, danos e outros problemas com a bagagem, o passageiro deve procurar um de seus funcionários antes de deixar a sala de desembarque. O funcionário registra o caso no Relatório de Irregularidade de Bagagem (RIB) e fornece cópia desse documento ao passageiro. Caso seja verificada alguma irregularidade, o prazo para indenização é de 30 dias, conforme o Código Brasileiro de Aeronáutica.