Título: Arsenal de medidas para turbinar economia
Autor: Beck, Martha; Oswald, Vivian
Fonte: O Globo, 08/03/2012, Economia, p. 27

Governo estuda, por exemplo, ampliar setores beneficiados por desoneração da folha e prorrogar desconto do IPI

DO PIBÃO AO PIBINHO

BRASÍLIA. A equipe econômica prepara um arsenal de incentivos para turbinar a economia em 2012. Entre as medidas em estudo estão a ampliação da lista de setores beneficiados pela desoneração da folha de pagamento das empresas e a prorrogação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido para a linha branca (máquinas de lavar, tanquinhos, geladeiras e fogões), cujo prazo se encerra em 31 de março. Os setores moveleiro, de plástico e têxtil devem ser os próximos a ter os encargos sobre a folha reduzidos.

Estuda-se ainda um novo incentivo aos setores beneficiados com essa medida no ano passado: a redução da alíquota aplicada sobre o faturamento das empresas. Hoje essa alíquota varia entre 1,5% e 2,5% e poderá cair para 0,8%. O governo desonerou a folha de alguns setores no âmbito do programa Brasil Maior. A contribuição de 20% ao INSS, que incidia sobre a folha das empresas, foi substituída por uma taxação menor sobre o faturamento. No caso dos setores de confecções, vestuário, calçados e couros, a alíquota ficou em 1,5%. E no caso dos segmentos de tecnologia da informação e call centers, em 2,5%.

Além disso, o governo planeja derrubar os juros dos bancos privados irrigando o mercado com crédito farto e mais barato das instituições públicas. Ontem, por exemplo, o Banco do Brasil reduziu em 0,75 ponto percentual os juros para pessoas físicas e jurídicas.

Em relação ao IPI da linha branca, a avaliação do governo é que o incentivo, anunciado em dezembro, aumentou as vendas do varejo e foi uma das medidas responsáveis pela aceleração da atividade no fim de 2011. A indústria contratou mais de dois mil trabalhadores no último mês do ano para atender à forte demanda por esses produtos.

Dilma elege câmbio o vilão e pede plano ambicioso

Embora resultem em renúncia fiscal, as duas ações são consideradas importantes no esforço de retomada da atividade econômica. Ontem, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, enfatizou que o pacote de incentivos está apenas no começo:

- Vamos ter medidas todo mês para estimular a economia e corrigir desequilíbrios.

Em outra frente, o governo trabalha em um plano para conter a desvalorização do dólar. A presidente Dilma Rousseff elegeu o câmbio como o principal vilão da economia brasileira e encomendou à equipe econômica um plano ambicioso com medidas para corrigir as distorções. Há grande preocupação com o impacto do câmbio na indústria.

Sobre a mesa, estão desde novas ações no mercado de câmbio à vista e futuro até o uso dos recursos do Fundo Soberano para comprar dólares, mas a presidente quer medidas adicionais.

- Não há outro problema tão importante. A inflação está voltando à trajetória desejada, os juros estão em queda, a dívida está comportada e não há matéria relevante pendente no Congresso - disse uma fonte do governo.

Ontem Mantega avisou que continuará tomando medidas para segurar o real:

- Ontem o câmbio chegou a R$ 1,76, patamar que melhora a competitividade. Quanto mais desvalorizado o real, maior a competitividade.