Título: A agenda da cidade
Autor: Senise, Paulo
Fonte: O Globo, 02/10/2011, Opinião, p. 7

A Unesco vai julgar, em 2014, a pretensão do Rio de receber o selo de Patrimônio Mundial da Humanidade, como Veneza, Petra (Jordânia) e Jerusalém. A ação é capitaneada pelo nosso Instituto de Patrimônio Cultural, o Iphan.

Uma recente reportagem da revista "The Economist" registrou as diferenças entre o Rio e São Paulo, no momento em que investidores decidem fazer negócios no país. A reportagem diz que "pela primeira vez em décadas, a Cidade Maravilhosa torna-se atraente para os negócios", e cita investimentos na urbanização, no policiamento e em infraestrutura para os eventos como a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

Notícias dão conta ainda de que a capital fluminense passou a ser a que mais receberá recursos nacionais e estrangeiros nos próximos anos, a reboque de grandes eventos, mas principalmente pelo petróleo na camada do pré-sal.

Esses três fatos indicam que o cenário já mudou no Rio de Janeiro, estado que experimentou meio século de declínio, depois que a capital federal foi transferida, em 1960.

O desgoverno, a disputa entre traficantes e a corrupção policial tornaram a cidade perigosa. Mas, somente em 2010, o Rio recebeu US$7,3 bilhões em investimentos estrangeiros, sete vezes mais do que em 2009 e mais do dobro de São Paulo.

Há oportunidades para a atualização da oferta de equipamentos e expansão da infraestrutura. O compromisso com o Comitê Olímpico Internacional, no que tange à hotelaria, estará cumprido antes do prazo, e a cidade terá mais 12 mil quartos, para os eventos que nos esperam.

Temos ainda uma boa oferta de centro de convenções como o Riocentro, o maior centro da América Latina, mas com agenda muito apertada. Precisamos de um espaço para eventos menores em área mais central. Como exemplo, poderíamos ter a transformação das antigas instalações da Varig, ao lado do Aeroporto Santos Dumont, em área para exposições e feiras de pequeno e médio portes.

Há ainda uma série de outras opções na cidade. em lazer, cinema, moda e saúde de referência. Enfim, temos as grandes ondas da economia para o surfe turístico de todas as atividades.

Dificilmente outra cidade do mundo terá um calendário de eventos como o do Rio neste momento. Que venham os turistas.

PAULO SENISE é superintendente-geral do Rio Convention e Visitors Bureau.