Título: Combate ao racismo é responsabilidade do Estado
Autor: Benevides, Carolina
Fonte: O Globo, 26/12/2010, O País, p. 3

Prestes a assumir a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, com status de ministério, a socióloga gaúcha Luiza Bairros, radicada em Salvador desde 1979 e hoje à frente da Secretaria de Promoção da Igualdade da Bahia (Sepromi), lembra que o "racismo é um dos determinantes sociais da saúde", e que o enfrentamento da desigualdade racial, questão histórica no Brasil, é "questão de escolha política". Para a futura ministra, que assume no ano internacional dos afrodescendentes, "o combate ao racismo é responsabilidade primária do Estado".

A senhora vê avanços no combate à desigualdade racial na área da saúde?

LUIZA BAIRROS: Passos para superar a desigualdade estão sendo dados, e o que concretiza esse avanço é a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, que parte do pressuposto que o racismo é um dos determinantes sociais da saúde. Com isso, seus efeitos na população são encarados. Pesquisas como a da UFRJ permitem medir a ocorrência de possíveis ações discriminatórias por meio do desconforto que as pessoas dizem sentir.

Como a sociedade pode contribuir para que as desigualdades diminuam?

LUIZA: É preciso que a sociedade se mantenha vigilante. Na questão da saúde, é importante que os profissionais mudem suas formas de encarar os diferentes públicos.

A desigualdade racial é uma questão histórica no Brasil.

LUIZA: O enfrentamento é questão de escolha política do Estado. O Brasil assinou em 2001, durante uma conferência mundial (III Conferência Mundial Contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerâncias Correlatas), o compromisso de combater o racismo. Como temos essa garantia, podemos e devemos trabalhar para combater a desigualdade.

Quais serão as prioridades da senhora à frente da secretaria?

LUIZA: Inicio a transição esta semana. A secretaria existe há quase oito anos, e ao longo desse caminho criou muitos programas. Quero conhecê-los para pensar de forma mais embasada nas prioridades. 2011 é, segundo a ONU, o ano dos afrodescendentes. Então, é um ano para trabalharmos ações emblemáticas.