Título: Ofensiva para investigar o Senado
Autor: Luiz, Edson
Fonte: Correio Braziliense, 17/06/2009, Política, p. 2

Apuração da Polícia Federal contra João Carlos Zoghbi, ex-diretor de recursos humanos da Casa, e inquérito do Ministério Público serão usados para devassar atos secretos e irregularidades no Legislativo

Zoghbi: investigação inicial da Polícia Federal será sobre o ex-diretor de recursos humanos do Senado Dois inquéritos são a chance de abrir caixas-pretas no Senado. O primeiro, já instaurado pela Polícia Federal, tem como foco de investigação os empréstimos consignados intermediados pela Contact ¿ empresa da família do ex-diretor de recursos humanos da Casa João Carlos Zoghbi. A partir dessa brecha, os policiais ampliarão linhas de apuração com o aparecimento de outros indícios de irregularidades, como contratações nos gabinetes parlamentares. A segunda frente foi aberta ontem pelo Ministério Público no Distrito Federal, e o alvo será os atos secretos do Senado.

Mesmo com um delegado designado para cuidar exclusivamente da investigação, a Polícia Federal não fez nenhum tipo de trabalho por falta dos contratos do Senado com bancos. Por isso, vai requisitar à Justiça novo prazo de 30 dias para iniciar a apuração. Policiais que atuam no caso já definiram as linhas a serem seguidas, sendo que a primeira delas será analisar os empréstimos consignados feitos para servidores do Senado. A Contact recebeu R$ 2,3 milhões de uma instituição bancária, que servia como uma espécie de correspondente financeira.

Agora, a Polícia Federal não pretende investigar empresas terceirizadas contratadas pelo Senado, mas vai apurar se Zoghbi tinha relação com as irregularidades apuradas durante a Operação Mão de Obra, desencadeada em setembro de 2006. Os novos indícios serão transformados em inquéritos separados, conforme disse ao Correio um dos policiais envolvidos diretamente na investigação. A corporação policial quer evitar que a apuração dos empréstimos consignados se torne uma bola de neve, sem resultado final. O passo seguinte será a quebra de sigilo da família do ex-diretor para verificar se há indícios de enriquecimento ilícito.

Já o Ministério Público Federal pretende agir exclusivamente em torno dos atos secretos, como mostra portaria editada ontem. E usou como alegação para entrar no caso, a falta de publicidade de decisões administrativas no Senado. A investigação ficará à cargo da procuradora Anna Carolina Resende, que já atua na apuração relacionada à emissão de passagens pelos parlamentares. Um dos primeiros passos, como fez a Polícia Federal, será requerer documentos relacionados ao tema. A polícia, por sua vez, deverá inquirir Zoghbi sobre a entrevista dada à imprensa onde acusou o ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia de ser responsável por várias das empresas terceirizadas que atuam na Casa. À Polícia Legislativa o ex-diretor mulher dele, Denise, voltaram atrás nas declarações. Ontem, mais documentos sobre o caso Zoghbi foram levados pelo corregedor do Senado, Romeu Tuma (PTB-SP), ao delegado Gustavo Buquer, que havia requisitado os papéis há mais de um mês.