Título: Arruda: ex-aliados defendem renúncia
Autor: Franco, Bernardo Mello
Fonte: O Globo, 01/03/2010, O País, p. 8

Abertura de processo de impeachment do governador deve ser aprovada amanhã

BRASÍLIA. Deputados distritais que apoiavam o governo de José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM) na Câmara Legislativa do Distrito Federal abandonaram o tom de cautela e aumentaram ontem a pressão para que ele renuncie ao mandato. O relatório que pede a abertura do processo de impeachment deve ser aprovado com folga amanhã, em plenário. Preso desde o dia 11, Arruda já admite ter perdido o controle da Casa, mas promete resistir no cargo.

A tentativa de se agarrar ao mandato tem um motivo prático: se renunciar, Arruda perde o direito à prisão especial. Assim, ele seria transferido da sede da Polícia Federal para uma cela comum no presídio da Papuda, afastado do centro de Brasília. O Supremo Tribunal Federal (STF) julga na quinta-feira o pedido de habeas corpus para suspender sua prisão preventiva.

Ontem, a deputada distrital Eliana Pedrosa (DEM) defendeu abertamente a renúncia do governador. Ela disse que suas ameaças contra aliados não impedirão o andamento do processo de impeachment.

- A melhor solução é a renúncia. Ameaça por ameaça, temos a da intervenção federal, que é muito maior - desafiou.

O deputado Raimundo Ribeiro (PSDB), outro ex-aliado, reforçou a pressão sobre o governador afastado:

- Quem exerce função pública está sujeito a sofrer investigação.

Amigo de Arruda, o secretário de Transportes do DF, Alberto Fraga (DEM), acusou os ex-aliados de traição e afirmou que ele não aceitará renunciar.

- Arruda sabe que está sendo traído, mas não vai renunciar de jeito nenhum. O que ele pode fazer é se licenciar, para mostrar que não quer interferir nas investigações e tentar amolecer o coração dos ministros do Supremo - disse Fraga, único secretário do GDF que visitou o governador na cadeia.

O deputado distrital Junior Brunelli (PSC) deve renunciar hoje para não ser cassado. Ele é protagonista da "oração da propina", flagrada em vídeo da Operação Caixa de Pandora da PF. Ao contrário do colega e do "deputado da meia" Leonardo Prudente (DEM), que renunciou sexta-feira, Eurides Brito (PMDB) tenta preservar o mandato. Em seu blog, a deputada anunciou que não renunciará.