Título: Cinco presidentes rejeitam eleições em Honduras
Autor: Lima, Maria
Fonte: O Globo, 09/12/2009, O Mundo, p. 32

Em reunião do Mercosul, Chávez diz que se sofresse golpe se refugiaria numa embaixada brasileira

MONTEVIDÉU. O encerramento da reunião do Mercosul, ontem no Uruguai, foi usado como palanque para que os presidentes do bloco e convidados se revezassem nos discursos inflamados contra a não recondução de Manuel Zelaya ao cargo e a eleição de Porfirio Lobo para suceder-lhe em Honduras. Apesar de assinar o documento final que anuncia a disposição de Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela de não reconhecerem as eleições em Honduras, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o único presidente que não tocou no assunto durante seu discurso.

O mais raivoso foi o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que chegou a dizer que poderia também ser alvo de um golpe e ter de se refugiar em alguma embaixada brasileira.

¿ E se acontece um golpe na Venezuela e Hugo Chávez tem de se meter numa embaixada do Brasil? E se matam e prendem e fazem uma eleição só com a direita, o Peru e a Colômbia também vão reconhecer esse governo? Isso é para refletir. É preciso ser claro e transparente para estar aqui nesta mesa ¿ disse Chávez, rechaçando os representantes dos países que defenderam a volta da estabilidade política em Honduras.

Hugo Chávez fez duros ataques ao presidente dos EUA, Barack Obama, por reconhecer a eleição de Porfirio Lobo. Mas os ataques mais pesados foram para o vice-presidente da Colômbia, Francisco Santos, que apoiou o retorno da estabilidade política em Honduras. O presidente Álvaro Uribe não foi.

¿ A Colômbia apoia medidas para solucionar esse impasse. O ex-presidente Zelaya teve seu referendo negado pela Corte Suprema e pelo Congresso Nacional.

Não podemos condenar o povo hondurenho a uma crise eterna ¿ argumentou Santos.

Chávez acusa EUA de plano contra a América do Sul

Ao rebater Santos, Chávez voltou a condenar a instalação de bases militares americanas na Colômbia, e disse ter sido vítima de tentativa de golpe em 2002 com apoio dos EUA: ¿ Não é o imperialismo de Chávez, é o imperialismo de Obama. Esse sim é o imperialismo que agora está pondo sete bases militares na Colômbia.

Temos detectado por certo nos últimos dias muito movimento nas bases militares americanas em Curaçao e Aruba, que estão nos narizes da Venezuela.

É um plano de guerra contra a América do Sul, e agora vem para a Colômbia.

O vice-presidente colombiano respondeu.

¿ Não compramos armamentos bélicos para provocar conflitos nos países da região.

Jamais pensaríamos num conflito com países vizinhos. Ali se trata de combater o terrorismo e o narcotráfico ¿ disse Francisco Santos.