Título: IBGE: Brasília já tem população maior que a de BH
Autor: Borges, Waleska
Fonte: O Globo, 30/08/2008, O país, p. 17

Com 2,5 milhões de habitantes, capital é a 4ª maior cidade do país; pelas projeções, Brasil vai parar de crescer em 30 anos

Waleska Borges

De acordo com as estimativas populacionais dos municípios, divulgadas ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população de Brasília, cidade planejada para ser a capital do país, já ultrapassou a da cidade planejada para ser capital de Minas Gerais, Belo Horizonte. Brasília já ocupa a quarta posição entre os 10 municípios mais populosos do país, com 2,5 milhões de habitantes. E sua população deverá crescer ainda mais, pelo menos nos próximos dez ou 15 anos, segundo projeção do coordenador de População e Indicadores Sociais do IBGE, Luiz Antônio de Oliveira.

Atual taxa de crescimento é de 1,2% ao ano no país

Diferentemente de outros grandes municípios, que têm previsões de queda populacional, segundo Oliveira, Brasília deverá crescer da quarta para terceira cidade do país, em termos demográficos, entre dez e 15 anos. Na contagem do ano 2000, o Distrito Federal ocupava o sexto lugar entre os dez municípios mais populosos do país. Na mesma época, Belo Horizonte - que foi a primeira cidade planejada do Brasil - estava em quarto lugar. Este ano, a capital mineira passou para sexta posição, com 2.434.642 habitantes.

- Regiões metropolitanas que são muito tradicionais já atingiram seu limite, como Porto Alegre e Recife. Outras, exibem vigor de crescimento, como Brasília, que tem espaço e atrai população - explicou Oliveira, lembrando que os municípios que oferecem educação, saúde e empregos são os que mais crescem.

A população brasileira, no entanto, segundo Oliveira, vai parar de crescer ao final de 30 anos. De acordo com as estimativas do IBGE deste ano, o país tem 189,6 milhões de pessoas em 5.565 municípios.

- O Brasil vem a cada ano ou década reduzindo a taxa de crescimento populacional. Isso pelo menor número de filhos por mulher. Hoje, temos taxa de crescimento de 1,2 % ao ano. Mas, a fecundidade vem caindo de maneira tão acelerada que, ao final de 30 anos, a população brasileira vai parar de crescer - disse Oliveira, lembrando que a taxa de crescimento ficará menor. - Vamos nos aproximar a um índice de estabilidade parecida com os anos 40 deste século.

Estudo prevê queda na taxa de fecundidade

Segundo Oliveira, a queda da taxa de fecundidade de atualmente 2 filhos por mulher para 1,5 (em 2040) será a responsável pela estabilização da população. Ainda conforme o coordenador das estimativas do IBGE, a experiência internacional mostra ser difícil existir crescimento populacional com esses índices de fecundidade. Ele lembra ainda que na Europa, há mais de 10 anos, a taxa de fecundidade é de 1,1 filho por mulher:

- É um fator cultural-econômico que está relacionado com a emancipação feminina, os métodos anti-conceptivos, as novas formas de organização da família e o padrão do capitalismo moderno.

Oliveira também lembrou que em metrópoles, como o Rio de Janeiro e São Paulo, a população poderá diminuir entre 10 e 20 anos. Segundo ele, a taxa de fecundidade baixa e uma população mais idosa seriam alguns dos motivos para a redução do índice populacional nessas regiões.

Os cálculos do IBGE também mostraram que São Paulo é a capital com a maior população. São 10,9 milhões de pessoas, seguida por Rio de Janeiro, com 6,1 milhões; e Salvador com 2,9 milhões. Entre os 10 municípios mais populosos que não são capitais de estado, Guarulhos é o campeão com 1.279.20 habitantes, seguido por Campinas, com 1.056.64. Os outros três municípios entre os mais populosos à exceção das capitais estão no Rio de Janeiro: São Gonçalo, Duque de Caxias e Nova Iguaçu.

Prefeitos vão encontrar redução na população

Já a região Sudeste tem a maior população residente do país com 80.187.717 habitantes: Minas Gerais (19.850.072), Espírito Santo (3.453.648), Rio de Janeiro (15.872.362) e São Paulo (41.011.635). O município de Borá, em São Paulo, tem a menor população do país, com 834 habitantes.

- Os prefeitos que serão eleitos de vários municípios pequenos vão encontrar diminuição de população. A reversão desse quadro com indicadores demográficos, econômicos e sociais é uma necessidade para sobrevivência e estabilidade desses municípios - avaliou Oliveira.

A contagem do IBGE de 2007 mostrava que o país tinha 183,9 milhões de brasileiros. Para chegar aos números desse ano, o IBGE cruzou dados de censos e contagens dos anos de 1980, 1991, 1996, 2000 e 2007. Este ano, pela primeira vez de forma aprofundada, foram consideradas lacunas de sub-numeração da população.

- O IBGE fez uma ampla avaliação dos censos demográficos, avaliando através da fecundidade e mortalidade as lacunas e a sub-numeração populacional. Com isso, temos o retrato mais fidedigno do tamanho da população - explicou Oliveira.